Psicotropicus - Centro Brasileiro de Política de Drogas

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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Dispensário da Califórnia oferece maconha em troca de alimentos para doação

A notícia que chega da Califórnia provavelmente provocaria todo tipo de sentimento reacionário se ocorresse no Brasil. A mente proibicionista dificilmente entenderia o gesto de caridade do dispensário Granny Purps, em Soquel, que ofereceu um cigarro de maconha em troca de alimentos que os clientes trouxessem para doação.

Tudo foi feito de acordo com a legislação da Califórnia e somente os pacientes cadastrados no programa de cannabis medicinal estavam aptos a realizar a troca. Os clientes ganhavam um cigarro de maconha para cada quatro latas de comida que ofereciam. Havia um limite de doação de 12 latas (ou três cigarros) por dia para cada paciente.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Liberdade para Cultivadores presos com 108 pés de Maconha - Mas e a Justiça?

O caso que dividiu opiniões até mesmo entre usuários enfim chegou ao que se pode considerar um "final feliz". Pai e filho foram presos com 108 pés de maconha no dia 21 de setembro, numa operação que mobilizou dezenas de homens de polícia Civil para que o prédio, localizado no Recreio dos Bandeirantes [RJ], fosse cercado e eles presos, acusados de traficarem a erva que plantavam. Não há provas do comércio, mas mesmo assim ambos permaneceram na cadeia até a noite do dia 16 de Dezembro.

Isso abre um precedente histórico na luta pela legalização da maconha no Brasil. No entanto, Francisco Aurélio de Souza Grossi, engenheiro ex-funcionário de uma multinacional e o jornalista Gustavo Grossi, tiveram suas vidas completamente expostas - e pior - de forma arbitrária, já que não haviam evidências concretas do tráfico de drogas. Atualmente os dois respondem por cultivo caseiro, ato despenalizado pela Lei 11.343 de 2006.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Na guerra às drogas de Calderón, México contabiliza 30 mil mortos em quatro anos

mexico1 Os quatro anos de Felipe Calderón na presidência do México carregam o peso o peso de um banho de sangue. E o começo desta história surge logo no primeiro dia de governo de Calderón, quando o mesmo declarou uma "guerra às drogas", que contava com o apoio do então presidente norte-americano George W. Bush. Passados quatro anos, os cartéis continuam resistindo fortemente a ofensiva militar do governo.

No México de um Presidente que resolveu levantar a bandeira desta guerra como um grande projeto de governo, o resultado é mais do que macabro. O balanço divulgado na última quinta-feira revela um saldo de 30 mil mortos em conflitos relacionados às drogas desde 2006, quando Felipe Calderón assumiu a presidência do país.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Consumo de drogas ilícitas é maior entre estudantes da rede privada de ensino

drogas-jovens Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) revelou que o consumo de drogas ilícitas entre os estudantes de escolas particulares é maior do que o verificado entre alunos da rede pública. A proibição, que criou um mercado negro livre de qualquer fiscalização, facilita a vida dos menores de idade que encontram grande facilidade para comprar qualquer tipo de droga.

Os pesquisadores entrevistaram 50.890 estudantes, com predomínio da faixa etária de 13 a 15 anos, sendo 31.280 da rede pública e 19.610 da rede particular. O levantamento mostra que 13,6% dos alunos de escolas particulares entrevistados declararam ter usado algum tipo de droga no último ano. Na rede pública este percentual é de 9,9%.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

WikiLeaks revela a íntima relação de políticos africanos com tráfico de drogas

ArmandoGuebuza A ideia de que a proibição das drogas é mantida em benefício da população começa a cair quando os reais interesses começam a ser revelados. Pro trás de todo aparato repressivo, existem interesses econômicos de grupos que se aproveitam da força política para lucrar elevadas cifras com um negócio que dificilmente será extinto.

A crise diplomática provoca pelo vazamento de cartas confidenciais no site WikiLeaks também revelam a íntima relação de governantes com o tráfico de drogas. Em 2009, o encarregado de negócio da embaixada norte-americana em Moçambique disse que o país " se tornou a segunda praça africana mais ativa no trânsito de narcóticos", perdendo apenas para Guiné Bissau.

O tráfico de drogas em Moçambique é controlado por duas grandes organizações criminosas chefiadas pelos moçambicanos de origem asiática Mohamed Bachir Suleiman ("MBS") e Ghulam Rassul Moti. Outros documentos divulgados pelo WikiLeaks revelam que "MBS tem laços diretos com o presidente Armando Guebuza e com o ex-presidente Joaquim Chissano". Além disso "Suleiman teria financiado a campanha da Frelimo (o partido do governo) e ajudou significativamente nas campanhas eleitorais" de Guebuza e Chissano.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

LEAP chega ao Brasil e fortalece movimento pela legalização das drogas

leap A luta por mudanças nas políticas de drogas no Brasil ganhou um importante aliado. Criada nos Estados Unidos em 2002, a LEAP (Law Enforcement Against Prohibition) agora possui uma representação oficial dentro do território brasileiro. A instituição é é formada por integrantes de forças policiais e da justiça criminal (ativos e aposentados) que perceberam a falência das atuais políticas de drogas.

Em seu site em português a LEAP deixa bem claro que sua missão "é reduzir os inúmeros danos resultantes da guerra às drogas e diminuir a incidência de mortes, doenças, crimes e dependência, pondo fim à proibição das drogas".

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Descriminalização das drogas enfrenta forte oposição da população brasileira

proposition19_marijuana O projeto de descriminalização - e futuramente de legalização - das drogas ainda precisa enfrentar um poderoso adversário: a opinião popular. No Brasil, o cenário é bem diferente da daquele encontrado na Califórnia, onde 46% da população votou a favor da legalização da maconha no Estado.

Uma pesquisa realizada pelo instituto Vox Populi após as eleições deste ano revelou a força do pensamento conservador na sociedade brasileira. Na consulta feita em todo país como 2.200 pessoas, 87% afirmaram ser contra a descriminalização do uso de drogas. O Nordeste lidera o ranking de rejeição com 93% dos entrevistados se posicionando contra a medida.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Clube de consumidores de maconha é inaugurado em Madrid

madrid-cannabis Enquanto o governo holandês fortalece a repressão ao funcionamento dos coffeshops, a cidade de Madrid, na Espanha, ganhou seu primeiro espaço onde é possível fumar maconha para fins recreativos ou medicinais de forma legal. Mas ao contrário do que ocorre na Holanda, o acesso ao Private Cannabis Club é restrito a usuários associados.

Para aderir ao clube cada usuário precisa ser indicado por um dos membros, além de pagar uma taxa anual de 130 euros. O espaço já conta com aproximadamente 80 membros com idades entre 20 e 65 anos. Como se trata de uma organização privada é possível fumar dentro da legalidade. Todos os dias aparecem no local entre 20 a 30 pessoas. “É uma associação privada e estamos inscritos na Comunidade de Madrid” conta CarlosYerbes, um dos fundadores.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Rio de sangue e um mar de erros

Tanques Mais uma vez mais a cidade do Rio de Janeiro sofre um surto de violência. Para a maioria, aparentemente a causa disso é somente a atuação de grupos criminosos e a solução é incrementar a repressão. As ferramentas adequadas são os “caveirões” e os tanques de guerra da Marinha. E para garantir o sucesso da empreitada repressiva é preciso endurecer a legislação criminal, reduzir a maioridade penal e tornar o regime prisional ainda mais severo. Será mesmo? Ousamos dizer que não, que a maioria está errada e que o preço desse erro é terrível e se paga em sangue.

Está errada a ideia de que a questão da criminalidade pode ser enfrentada como uma guerra no sentido literal da palavra, ou seja, em termos militares. Ao contrário do enfrentamento entre duas ou mais forças armadas, no qual o objetivo é a eliminação ou neutralização física do inimigo, a criminalidade é um fenômeno social, existente em maior ou menor grau em todas as sociedades, e como tal não é passível de eliminação ou neutralização pela ação de forças militares. Não é uma questão de serem tais forças bem equipadas e comandadas, mas sim de que nenhuma ação militar pode resolver o problema, assim como nenhuma ação militar resolverá o problema do aquecimento global ou a crise econômica, por exemplo. Simplesmente não é a abordagem correta.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

As lentes da imprensa cega na guerra às drogas no Rio de Janeiro

As capas dos jornais que chegaram às bancas na manhã desta sexta-feira retratam o dia 25 de novembro de 2010 como um marco no combate ao tráfico de drogas no Rio de Janeiro. Telejornais da noite anterior ampliaram seu tempo de duração com um discurso de vitória na complexa luta do bem contra o mal.

O roteiro jornalístico limitado a abordagem das estratégias de combate acaba por descaracterizar a verdadeiro trabalho de uma política de segurança pública. Vender uma ideia de que o mal – representado pela figura do varejista de drogas – será vencido apenas com enfrentamento militar é desprezar a capacidade de raciocínio do cidadão, que infelizmente está caindo nesta armadilha midiática. Apoiado pela mídia e pela população do asfalto, o Estado segue reforça ainda mais as tropas para uma ofensiva que poderá entrar para história como o maior banho de sangue da cidade. Viajando até o futuro, provavelmente não haverá muitos motivos para comemorar o resultado desta ofensiva.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Maconha Medicinal em Debate na Rádio Câmara

26maconha1 Enquanto o uso medicinal da maconha ganha força no mundo, o Brasil ainda sofre com a força de um pensamento moralista que impede até a manipulação da erva de forma científica. No último mês de julho um grupo de cientistas da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC) escreveu uma carta para Folha de São Paulo defendendo a regulamentação do uso medicinal da erva, além de condenar a atual política proibicionista. A motivação do documento foi a prisão do músico Pedro Caetano, baixista da banda de reggae Ponto de Equilíbrio, que ficou 14 dias preso por cultivar 10 pés de maconha para uso pessoal. Confira a íntegra da carta.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Um dia de Redução de Danos na Cracolândia do Jacarezinho

A história que vamos contar hoje é completamente real e atual. Qualquer cidadão que utilize as linhas férreas no Rio de Janeiro já viu a cracolândia, local aberto destinado ao consumo da droga. A missão realizada pela Psicotropicus neste território é de assistência e atenção aos usuários que sofrem com a condenação imposta pela sociedade, inclusive de parte dos moradores das comunidades em que moram.
 
Durante nossa visita ninguém foi agressivo ou hostil. Os usuários mais velhos olham mais desconfiados, mas também demonstram necessitar mais cuidados e atenções. Vale lembrar que o local faz parte de uma comunidade e que a grande parte dos moradores não gosta nem um pouco do consumo da droga na região. Apesar do consumo de maconha ser devidamente tolerado, o de crack é altamente discriminado.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Cachimbos de escravos do século XIX são encontrados com resquícios de maconha

img07 Assim como ocorre com boa parte das culturas marginalizadas, a história da maconha no Brasil ainda sofre com a falta de pesquisas e informações necessárias para sua preservação. Mas uma descoberta feita em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro coloca um pouco de luz neste caminho. De acordo com a coluna do jornalista Ancelmo Gois. no jornal O Globo, arqueólogos da UFRJ descobriram vestígios de maconha em cachimbos utilizados por escravos que viviam na região no século XIX.

Os primeiros escravos das etnias Quicongo e Quimbundo trouxeram as sementes de maconha escondidas na roupa. Na cultura desses grupos a maconha era utilizada em períodos de lazer e durante alguns rituais religiosos.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Novo teste revela uso de drogas durante a gravidez

Pesquisadores da USP de Ribeirão Preto apresentaram um novo método para identificação do uso de drogas durante a gravidez. O novo teste é feito a partir da análise do análise do mecônio (primeiras fezes do recém-nascido), e pode revelar sobre o uso de cocaína e crack a partir da 12ª semana de gestação.

Os exames atuais, que são feitos com o sangue do bebê, conseguem identificar o uso de drogas no prazo de apenas quatro dias antes do parto. “O mecônio acumula, a partir do quarto mês, todas as substâncias que a mãe ingere e passa para o bebê”, explica o professor da USP Bruno Spinoza de Martins.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Proposição 19 é rejeitada pelos eleitores da Califórnia

painel-prop19 Não foi desta vez que o movimento antiproibicionista conseguiu mudar a história de quase um século de criminalização da maconha. Apesar do sucesso na internet, a Proposição 19, que defendia a legalização da maconha na Califórnia foi derrotada no plebiscito popular realizado na última terça-feira. Com 98% dos votos apurados o Não venceu com 54%, contra 46% que votaram a favor da proposta. Dos 50 condados do Estado, o Sim venceu em apenas oito.

O cultivo e a venda de cannabis com fins medicinais são legalizados na Califórnia desde 1996. Mas a aprovação da Proposição 19 permitiria que maiores de 21 anos portassem para fins recreativos até uma onça (28,35 gramas) de maconha e cultivassem em uma área de até  2,34 metros quadrados.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Pesquisa Classifica o Álcool Como a Droga Mais Perigosa

ranking-drogas A ideia de que a criminalização das drogas não leva em conta o verdadeiro risco das substâncias ilícitas ganhou mais um respaldo científico. Nesta segunda-feira o periódico médico Lancet divulgou uma pesquisa realizada pelo Comitê Científico Independente sobre Drogas. Liderado pelo ex-consultor governamental David Nutt, o estudo classificou o álcool como a droga mais perigosa da Grã-Bretanha, à frente até do crack e da cocaína.

No estudo realizado pela equipe de Nutt, que foi demitido no ano passado após fazer declarações contra a política antidrogas do governo inglês, as drogas foram classificadas pelos seus danos individuais, que vão desde a morte, danos mentais, perda dos relacionamentos e pelos danos que podem provocar às outras pessoas. A pontuação vai de zero (inofensivo) até 100 (mais perigoso).

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A Criminalização dos Usuários de Drogas e a Falta de Informação

DSC_116418 Apesar da Lei 11.343/06 ter acabado com a pena de prisão para usuários de drogas, ainda é comum encontrar muitos deles atrás das grades. O desconhecimento da nova lei acaba levando a erros que resultam em complicações jurídicas no futuro. Na busca da redução desses problemas foi lançando o Cartão de Direitos dos Usuários de Drogas pela Psicotropicus.

A apresentação oficial foi feita na sede da OAB-RJ e contou com a presença do Delegado Orlando Zaccone, do integrante da banda Ponto de Equilíbrio, Pedro Pedrada, além da professora Luciana Boiteux, da médica Samantha França e do Presidente da Comissão de Política sobre Drogas da OAB, o Dr. Wanderley Rebello Filho. A mediação foi feita pelo Diretor Jurídico da Psicotropicus João Pedro Pádua.

O cartão fala sobre como o usuário deve se comportar durante a abordagem policial, da importância de não oferecer nenhum tipo de propina e dos cuidados ao prestar esclarecimentos na delegacia.

A experiência de um usuário preso injustamente como traficante foi apresentada pelo músico Pedro Caetano, baixista do Ponto de Equilíbrio. Pedro passou 14 dias preso por cultivar 10 pés de maconha no quintal de casa, em Niterói (RJ). A liberdade foi conseguida quando o promotor público desclassificou acusação de tráfico e enquadrou o músico como usuário.

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Na mesa, a política de drogas foi analisada com todas as suas mazelas. Do ponto de vista jurídico foi criticado o processo de criminalização da pobreza, que está levando a cadeia moradores de rua detidos com pequena quantidade de crack. Reportagem publicada pelo jornal o Globo revelou que em média, sete dos 25 detidos que entram diariamente na Polinter do Grajaú são identificados como moradores de rua.

De acordo com Orlando Zaccone, coordenador da unidade, é importante trabalhar pelo fim da demonização das drogas ilícitas. "A droga do bem (cerveja) patrocina o maior evento esportivo do mundo, que é a Copa do Mundo. Isso acontece ao mesmo tempo em que as drogas ilícitas são apontas são apontas com um grande mal da sociedade", disse.

Outro ponto levantado no debate foi a estigmatização de pessoas detidas em comunidades famosos pelo comércio de drogas. A professora de direito penal Luciana Boiteux afirmou que estas pessoas acabam tendo suas penas elevadas mesmo na ausência de provas que apontem a ligação daquele indivíduo com alguma quadrilha.

DSC_1124 A médica Samantha França lembrou dos problemas encontrados pelo usuários que buscam ajuda no sistema público de saúde. "O mundo sem drogas só existe dentro da faculdade de medicina. Durante a minha graduação de seis anos eu não tive nenhuma aula que ensinasse ao tratamento de usuários de drogas", revelou.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Psicotropicus lança Cartão dos Direitos dos Usuários de Drogas

O lançamento do Cartão dos Direitos dos Usuários de Drogas, a OAB_RJ, realizado pela Psicotropicus se deu em um acalorado debate sobre política de drogas. A necessidade de mudanças na atual política foi defendida por todos os presentes na mesa. O caso do músico Pedro Caetano, que passou 14 dias preso por cultivar maconha para uso pessoal, foi apresentado um exemplo dos frequentes casos de violação dos direitos dos usuários.

Mas entre os convidados houve que discordasse da descriminalização do uso de drogas, em particular a  maconha. Confira abaixo os melhores momentos de cada um dos palestrantes.

 

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Política de Drogas em debate na XII Cúpula de Tuxtla

colombia-drogas-onu-reuters-20100224-HG Antes mesmo de ser votada a proposta de legalização da maconha na Califórnia já provoca o debate sobre o tema em outros países. Na próxima terça-feira (26) o assunto será discutido na  XII Cúpula de Tuxtla na cidade colombiana de Cartagena. O encontro contará com a presença dos presidentes da Colômbia, México e de vários países centro-americanos.

"Acreditamos que este encontro é o cenário perfeito, porque seus integrantes são países que estão sendo terrivelmente afetados pelo tráfico de entorpecentes. E vamos ver maneiras de reforçar a cooperação na luta contra as drogas", disse a chanceler colombiana María Angela Holguín.

De acordo com Holguín a aprovação da Proposição 19 pode mudar o rumo da atual política de drogas. "Há anos o combate ao narcotráfico conta com a ajuda financeira dos Estados Unidos. A legalização do uso de maconha na Califórnia obrigaria uma reformulação da discussão global sobre a luta contra o tráfico de drogas" disse a chanceler.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Indústria da maconha na Califórnia é sete vezes maior que a do vinho

maconha_califa2 O melhor argumento para convencer a população da Califórnia a votar pelo sim da legalização da maconha passa longe de questões médicas ou libertárias. É explicando a importância econômica da cannabis no Estado mais rico dos Estados Unidos que os ativistas estão conseguindo convencer a população a votar pelo sim.

De acordo com uma reportagem publicada no site NBC o cultivo de maconha na Califórnia movimenta um mercado de U$$ 14 bilhões por ano. Este número é sete vezes maior que o da tradicional indústria do vinho do Estado, que rende U$$ 2 bilhões ao ano.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Governo Federal do EUA promete manter política repressiva na Califórnia

prop19 Apesar das pesquisas indicarem uma vitória do Sim no plebiscito sobre a Legalização da maconha na Califórnia, o governo dos EUA promete atuar agressivamente contra a medida. O Estado mais libertário dos Estados Unidos vota a proposta no dia dois de novembro.

O anúncio feito pelo Secretário de Justiça Eric H. Holder Jr. representa uma mudança de postura do Governo Federal, que diminuiu a repressão ao comércio da maconha medicinal com a eleição de Obama. “Se aprovada, esta legislação complicará enormemente os esforços federais de combate às drogas em detrimento de nossos cidadãos”, disse Holder.

O xerife de Los Angeles, Lee Baca, que é um dos principais opositores da medida, aprovou a posição do Departamento de Justiça. Ele disse que a iniciativa é inconstitucional e prometeu continuar aplicando as leis contra a maconha, independente dos que os eleitores decidam em novembro.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Lei Seca vai reprimir uso de drogas entre motoristas

A partir de 2011 a operação Lei Seca passará a reprimir motoristas que consumiram maconha, cocaína, ecstasy e até calmantes. O novo equipamento desenvolvido pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) será acompanhado de um carro-laboratório que estará presente em cada uma das sete equipes da operação no Rio de Janeiro.

Capaz de acusar oito tipos de drogas (anfetaminas, metanfetaminas, canabinoides, derivados da cocaína e ecstasy, álcool, diazepínicos e opiáceos) o novo equipamento deve substituir o bafômetro. Os novos testes serão feitos com amostras da saliva dos motoristas.

Além da polêmica sobre o risco real de se dirigir sobre o efeito de algum entorpecente, o novo teste já tem sua eficácia questionada. Ao se reprimir os motoristas que fizeram uso das drogas listadas acima a operação pode enquadrar pessoas que não estão mais sob o efeito das drogas.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ex-agente do Denarc é preso por tráfico de drogas em Portugal

GI11102010STEVENGOVERNO A prisão de cinco brasileiros em Portugal acusados de traficar 1,7t de cocaína abalou um dos principais órgãos de repressão as drogas no Brasil. Tudo porque um dos presos é o investigador da polícia paulista Walter José Bernal. Conhecido como Ratão, ele trabalhou no Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) até 2006. Atualmente, ele trabalha na 5.ª Delegacia Seccional de São Paulo, na zona leste.

Segundo as autoridades portuguesas, Bernal usava técnicas de combate ao narcotráfico aprendidas no Denarc para traficar drogas. Na década de 1990, o policial foi investigado por suspeita de comprar armas na Argentina.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Usuários de maconha presos como traficantes. Desta vez foi em Guarapari (ES)

Desde 2006 a lei 11.343 acabou com a pena de prisão para usuários de drogas. Mas ao que parece as forças policiais ainda desconhecem a mudança na legislação penal. Na última segunda-feira um casal foi preso em Guarapari (ES) por cultivar dois pés de maconha na varanda do apartamento ondem moram. Eles foram presos acusados de tráfico de drogas.

A polícia afirma que chegou ao local após receber um denúncia anônima. De acordo com a delegada  Maria da Glória Tessoti o homem, de 28 anos, chegou a jogar as plantas pela janela mas o material foi recolhido e ele foi preso com uma mulher de 24 anos.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

As falácias das campanhas anti-drogas

A demonização das drogas ilícitas é uma velha estratégia publicitária da política proibicionista. Mas além do evidente fracasso na tentativa de diminuir o consumo, as campanhas acabaram construindo um clima de aversão e exclusão social dos usuários.

Tradicionalmente as campanhas se utilizam de uma linguagem que busca diminuir o uso de drogas criando uma Cultura do Medo que em nada contribui para um debate racional sobre o uso drogas. Em quase todos os casos as informações apresentadas a população carecem de fundamentação científica e reduzem a problemática de maneira simplista.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Cientistas americanos desenvolvem biodisel de maconha

plantacao Uma pesquisa realizada pela Universidade de  Connecticut, nos Estados Unidos, comprovou que a maconha utilizada de forma indústrial para a produção do cânhamo também possui potencial para a produção de biodisel. No estudo, 97% do oléo extraído da planta foi convertido em biodisel. Outra vantagem encontrada está na resitência do combustível a baixas temperaturas ser maior do que qualquer biocombustível disponível no mercado.

O estudo foi coordenado pelo  professor de química Richard Parnas utilizou óleo de semente de maconha virgem para criar biodiesel por meio da transesterificação, o processo mais usado atualmente para a produção de biodiesel.

Apesar da proibição, alguns países da Europa e Asia ainda exploram o potencial industrial do cânhamo. Entretando, as sementes - que são a matéria prima da produção do combustível - não são aproveitadas. De acordo com o professor Parmas “alguém que planta cânhamo consegue produzir combustível suficiente para fornecer energia para toda a fazenda a partir das sementes”, explica.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Comissão sobre Drogas e Democracia deve ser Internacionalizada em 2011

fhcA Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia deve se transformar em uma organização global em 2011. A comissão foi fundada pelos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (Brasil), César Gaviria (Colômbia) e Ernesto Zedillo (México) com o objetivo de avaliar a eficácia e impacto das políticas de combate às drogas na região.

César Gavira afirmou que a nova comissão contará com a participação de líderes americanos, europeus e asiáticos, mas preferiu não citar nomes. Além da formação de um novo grupo, o tema também será debatido no Fórum Econômico Mundial de Davos.

No trabalho realizado na América Latina a comissão concluiu que as políticas repressivas de combate às drogas fracassaram. Entre as medidas propostas está a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal e tratamento do uso de drogas com um problema de saúde pública, retirando o usuário da esfera criminal.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

A Política de Drogas e as Eleições

Os resultados das eleições de 2010 revelam que o debate por uma política de drogas mais humana caminha de forma bem lenta. A maioria dos candidatos que defendem o fim da Guerra às Drogas foram derrotados. Do outro lado, alguns dos tradicionais defensores da linha repressiva conseguiram o apoio popular para serem eleitos.

deputado_paulo_teixeira_pt_sp A maior vitória do antiproibicionismo brasileiro está na renovação do mandato do Deputado Federal Paulo Teixeira (PT-SP). Membro Comissão Brasileira Sobre Drogas e Democracia (CBDD), Paulo será o responsável por combater uma oposição que faz um discurso sobre as drogas recheado de preconceitos e carente de fundamentação científica.

No Rio, a reeleição do Deputado Estadual Carlos Minc (PT), também garante a manutenção do debate sobre política de drogas nas esferas de poder. Vale lembrar que em 2009 Minc chegou a ser interrogado na Câmara dos Deputados por parlamentares que acusavam o então Ministro do Meio Ambiente de apologia as drogas por ter participado da Marcha da Maconha. Minc foi convocado pelo Deputado Federal Laerte Bessa (PSC-DF), que não consegui renovar o seu mandato para os próximos quatro anos.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Boletim IDPC – Setembro de 2010

 

IDPC : International Drug Policy Consortium

Le damos la bienvenida a la alerta informativa del IDPC de septiembre de 2010. El Consorcio Internacional sobre Políticas de Drogas (IDPC) es una red mundial integrada por ONG y redes profesionales que trabajan conjuntamente para fomentar un debate abierto y objetivo sobre las políticas de drogas. En esta alerta informativa encontrará noticias, publicaciones recientes y una breve agenda sobre cuestiones relacionadas con las políticas internacionales en materia de drogas. El IDPC se complace en anunciar que el resumen ejecutivo de su Guía sobre políticas de drogasestá ya disponible en inglés, español, francés, ruso y checo.

Noticias

El IDPC acoge a cinco nuevos miembros en su red
El IDPC tiene el placer de dar la bienvenida a cinco nuevos miembros a su red: Agência Piaget para o Desenvolvimento (APDES, Portugal), Centro de Estudios de Derecho, Justicia y Sociedad(DeJuSticia, Colombia), Asociación Francesa de Reducción de Daños (AFR, Francia), Instituto del Mercado de Drogas Ilícitas (IDM, Italia) y Puente, Investigación y Enlace (P.I.E, Bolivia). Nos complace asimismo anunciar que el Centro de Investigación “Drogas y Derechos Humanos”(CIDDH, Perú), miembro de nuestra red desde febrero de 2010, es desde ahora uno de nuestrosmiembros asociados.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

STF declara inconstitucionais dispositivos da lei de drogas que impedem pena alternativa

Pequeno comentário: Causou estranheza que Ellen Gracie, membro da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia, tenha votado contra.
do site oficial do STF
Por seis votos a quatro, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje (1º) que são inconstitucionais dispositivos da Nova Lei de Drogas (Lei 11.343/06) que proíbem expressamente a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos (também conhecida como pena alternativa) para condenados por tráfico de drogas. A determinação da Corte limita-se a remover o óbice legal, ficando a cargo do Juízo das execuções criminais o exame dos requisitos necessários para conversão da pena.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Supremo retarda julgamento de penas alternativas para quem comercializa drogas ilícitas

Do site do Renato Cinco – publicado em 30/08/2010

A ausência do ministro Celso de Mello na última quinta-feira (26 de agosto)  impediu ao Supremo de chegar a um veredito definitivo sobre se é ou não viável substituir a pena de prisão por penas alternativas no caso de tráfico brando. A lei 11343 diz que não, mas sua  constitucionalidade foi questionada por ação do réu Alexandro Mariano da Silva, preso com 13,4 gramas de cocaína e crack em uma região de Porto Alegre reconhecida como área de tráfico.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Experiências Latinas sobre Redução de Danos

A troca de experiências sobre políticas de drogas possui uma função diferenciada quando debatida entre países da America Latina. Mais do que a proximidade física, existe também um forte laço cultural e uma forte semelhança nas condições sociais dos usuários de drogas.
Assim como ocorre no Brasil, o Chile sofre com  a dificuldade de melhorar o atendimento para dependente químicos. Apesar da proposta de triplicar o número de atendimentos, mais de 80% dos dependentes ainda não utilizam a ajuda oferecida pelo sistema de saúde.
Para o pscicólogo Mauricio Zorondo o caminho para reverter esta situação não deve se limitar ao investimento na estrutura de atendimento. “Não basta apenas aumentar o oferta de serviços para os usuários de drogas. Precisamos mudar nossa atitude e melhorar a forma de chegar até essa população”, afirma.

Cultura da Coca e Políticas Latinas sobre Drogas


Com a mente livre de qualquer fundamento preconceituoso, o debate sobre a importância econômica e social do cultivo de coca na Bolívia ganhou destaque. Com um vasto conhecimento sobre o assunto, Reynaldo Salvatierra, coordenador do programa de controle social da produção de coca, apresentou um outro lado da planta que serve de matéria prima da cocaína.

Reynaldo fez uso um discurso bem objetivo para mostrar os benefícios medicinais  e culturais da planta. “Aquele que consome a folha de coca possui uma saúde de causa inveja a muita gente” destacou.
Ele ainda contestou a ideia de que a Bolívia possui um elevado numero de consumidores de drogas .“Apesar do senso comum dizer que a Bolívia é um pais com grande nível de drogadição, nossos números de consumo são bem menores dos encontrados em outros países”, revelou.
Mercado ilegal e milionário
A comercio de drogas, apesar de duramente reprimido, encontrou no mercado ilegal uma forma de enriquecimento que vem constantemente enfrentando o poder territorial dos Estados.
Nesta  linha de pensamento o doutor em economia Francisco Thoumì, da Colômbia, falou do fortalecimentos de quadrilhas que controlam o tráfico da cocaína que é distribuído para todo mundo.
Prisioneiros de uma guerra sem fim
O debate também contou com a participação de Pien Metal, que coordena um projeto do Transnational Institute para a reforma das leis de drogas. Pien citou um estudo que apontou para um crescimento de pessoas presas por cometer crimes relacionados ao uso e venda de drogas. O processo de privatização do sistema penal em alguns países também é motivo de preocupação para a pesquisadora.

Importância da Redução de Danos e Desenvolvimento do Direito do Usuário

O tempo é inimigo das explanações mais profundas, mas Dominiciano Siqueira conseguiu chamar atenção do público para sua teoria dos três olhares que reprimem o imaginário do usuário de drogas no Brasil. O primeiro olhar é o da saúde – o de que o usuário de drogas é um doente, um dependente químico.
Na tentativa de chamar atenção ao direito do usuário, Domiciano disse que “defendemos para os usuários de drogas os mesmo direito para qualquer pessoa de carne e osso do mundo”. Nesse caso, é preciso entender a importância de medidas como de redução de danos. E além disso, é preciso que a sociedade entenda melhor o que é a redução de danos, que é vista como “dentre os males, o menor”, mas na opinião do especialista, “devemos definir a redução de danos como o que há de melhor entre os males”.

O segundo olhar é de que o usuário de drogas seria um delinquente. E que além disso, o usuário se entende dessa forma pois é assim passado culturalmente. Ele inclusive exemplifica casos em que o jovem rouba dinheiro dentro de casa não para bancar o vício, mas sobretudo porque é isso que se espera dele, no sentido da cultura geral e entendimento popular sobre drogas e comportamentos.
Por fim, o terceiro olhar é o do pecado. Sendo assim, todo usuário de droga se sente como doente, deliquente ou pecador. Por isso Dominiciano, que é Representante da Associação Brasileira de Redutoras e Redutores de Danos, defende a criação de um quarto olhar – o que diz: Usar drogas é um direito do usuário.
Como alternativas para os problemas gerados pelo preconceito, Dominiciano chegou a sugerir a criação de salas públicas para o consumo de drogas. No mais, ele aponta que a lei de descriminalização é um grande avanço, mas que ainda é punitiva. E que além disso, estamos “ensinando para as pessoas que prestação de serviço a comunidade é coisa de quem faz algo errado”.
Representante Oficial do Ministério da Saúde
Mesmo não estando confirmada na programação oficinal, a mesa contou com a participação de Denise Serafim, assessora técnica do Programa Nacional de DST/AIDS do Ministério da Saúde do Brasil, além de representante do SUS. “É importante marcar: Redução de danos é  um movimento renovador, que marca, que faz com que o governo olhe o usuário como pessoa”, finalizou ela.
Além disso, ela falou da necessidade de se ouvir mais os usuários de crack e também da realização de novos encontros para troca de experiências. A apontou ainda como desafios os casos de internação necessárias para usuários muito graves. E também a urgência de se convencer mídia e família sobre repensar o tema.

A Questão do Combate às Drogas nos EUA e México


Encerrando a primeira mesa de debates, o norte-americano e Mestre em Relações Internacionais Ethan Nadelmann começou sua exposição de forma diferente dos demais. Primeiro ele realizou um pequeno censo demográfico para saber a origem dos presentes no auditório da UFRJ. Logo em seguida, ele pediu desculpas pelos danos que seu país causou ao mundo pela fracassada política de guerra as drogas.

Ao explicar sua posição pessoal Ethan foi direto ao defender a legalização da maconha. “ A melhor política de redução de danos e a regulamentação e tributação do comercio da cannabis. Torço muito para a aprovação da legalização na Califórnia, que será decidida por meio de plebiscito no próximo mês de novembro”, disse.
Ethan lembrou que o governo norte-americano foi o responsável por treinar agentes policiais de mais de 100 países para fortalecer a política proibicionista. “O únicos resultados gerados por essa guerra foram o fortalecimento de organizações criminosas, o aumento da corrupção no meio governamental e o crescimento de casos de violação dos diretos  humanos”, afirma.
A extensa lista de problemas causados pelo criminalização das drogas apresentadas por Ethan Nadelmann ainda apresentou um problema que afeta diretamente os cofres do governo: o exagerado encarceramento da população. Segundo Ethan, 25 % da população de presos do mundo cumpre pena por violar a atual lei de drogas. “Nos Estados Unidos temos 5 % da população mundial e 20% da população encarcerada do planeta”.
Em defesa de Obama
Apesar de lamentar a política repressiva desenvolvida pelos Estados Unidos, Ethan elogiou a atuação do governo Obama e se mostrou compreensível com a demora na apresentação de um plano de mudanças na Lei de Drogas “Mudar uma política que já dura 100 anos é tão difícil como manobrar um transatlântico. É natural que este processo demore muito”, declarou.
Visão e Realidade Mexicana da História
Antes de Ethan acabar com o sono da platéia, Luis Astorga teve a missão de passar os slides mostrando todo histórico do caos mexicano em relação à repressão das drogas. O palestrantes é doutor em Sociologia pela Universidade de Paris I e Pesquisador do Instituto de Investigações Sociais da Universidade Nacional Autônoma do México, além de Coordenador da Cátedra UNESCO “Transformações econômicas e sociais relacionadas com o problema internacional das drogas”.
Luis passou por tópicos como o Marijuana Act, de 1937, que criminalizou a maconha nos EUA e, consequetemente influenciou o país vizinho latino. Ele contou também que o crime organizado por lá se formou completamente indepentende do poder político. Ele, assim como Ethan, fez questão de deixar claro que o EUA foi a principal influência mundial para que a atual política de drogas fosse imposta.
Durante os anos 60, em meio a administração Nixon, México e EUA tiveram inclusive rixas dipolmáticas devido ao fechamento das fronteiras com o objetivo de impedir o contrabando. Toda proibição e confronto é o que influi a atual realidade do povo mexicano e para que o destino mude, Luis postula diversos passos, mas o primeiro é: “Modificar a maneira radical a forma como as drogas são combatidas e vistas pela socieade”.

Redução de Danos no Combate ao Preconceito

O segundo e ultimo dia da II Conferência Latino Americana e I Conferência Brasileira sobre política de drogas aqueceu o debate sobre redução de danos. No histórico auditório da Faculdade de Direito da UFRJ, foram apresentados estudos e propostas que buscam uma maior aproximação entre agentes de saúde e usuários de drogas.
Nesta linha de trabalho o médico e pscicanalista Tarcisio Matos de Andrade defendeu um melhor relacionamento das ações governamentais com os trabalhos desenvolvidos pela própria população. “As políticas sociais para populações desfavorecias ainda trabalham com desprezo as experiências produzidas pela proprios cidadões”,  afirmou.

Tarcisio ainda criticou as campanhas que demonizam usuários de drogas. Para ele, esse tipo de estratégia convence a população de que aquele indivíduo está condenado ao fracasso social. “Se além da condeção pela justiça, o usuário também é condenado pela sociedade, o processo de recuperação fica extremamente prejudicado”, declarou.




Por um melhor relacionamento entre governo e usuários
O planejamento de políticas de redução de danos vai além da elaboração de medidas que possam reduzir os riscos para usuários de drogas. Ainda é preciso investir na conscientização dos agentes de saúde para combater o preconceito no tratamento destas pessoas.
As dificuldades encontradas para esse projeto foram expostas pela pscicóloga Monica Malta, da Fundação Oswaldo Cruz. Ela ainda falou da dificuldade de idenficar usuários de drogas injetáveis, que estão entre os grupos mais expostos a contaminação pelo virus HIV, ao lado de garotas de programa e homosexuais do sexo masculino.  “Muitos usuários temem revelar publicamente que fazem uso de substâncias ilíticas temendo algum tipo de repressão policial ou internação forçada”, revelou.

Os Caminhos para uma nova Lei de Drogas



Na linha de frente da política de drogas do governo Lula, o deputado Federal Paulo Teixeira (PT-SP), acredita que o caminho da Lei de Drogas brasileira está no caminho da total despenalização dos usuários de drogas e no fortalecimento das políticas de redução de danos. O deputado esteve presente na mesa que encerrou a II Conferencia Latino Americana e I Conferência Brasileira sobre Política de Drogas.
Para o deputado, a legislação brasileira é misto da repressão norte-americana com o modelo de despenalização de usuários adotado na Europa. Ele ainda citou o exemplo de descriminalização em Portugal como um caso de sucesso no mundo.

Na hora de analisar o sistema repressivo, Paulo Teixeira expôs de forma bem direta a fragilidade do sistema. Para ele “a legislação de droga prende apenas o trabalhador. Os financiadores e administradores deste mercado ainda permanecem intocáveis”, declarou.
Defensor da total despenalização do usuário de drogas, o Deputado admitiu que a lei 11.343/06 fracassou ao endurecer o tratamento policial para os traficantes de drogas.

Repressão com inteligência
Apresentando as políticas adotadas pelo governo uruguaio nos últimos anos Jorge Ruibal Pino, Ministro da Suprema Corte de Justiça, explicou a estratégia adotada para combater a raiz financeira do narcotráfico, ao confiscar algumas fortunas de traficantes.

De acordo com Jorge Ruibal, a Suprema Corte uruguaia promove encontros com agentes policiais. Segundo ele, as reuniões servem para a troca de experiências para a construção de um sistema judiciário mais humano.
Por uma legislação menos punitiva
A última mesa da conferencia também não poupou críticas para o caráter essencialmente repressivo da Lei de Drogas. Para a juíza argentina Mónica Cuñarro, todas as leis de drogas violam os direitos a dignidade dos indivíduos.  “Vale lembrar que a maioria dos países é signatário de tratados que obrigam o respeito total aos direitos humanos”, declarou.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O Homem do Colete na luta pela Descriminalização


De novo temos apenas o colete.  Carlos Minc é um representante quase cativo em encontros onde a política de drogas está em debate. Seja na Marcha da Maconha ou no debate parlamentar, o discurso do político não muda de tom: “A guerra  as drogas é um fracasso de grandes dimensões. Ela trata de forma militarizada uma que é questão comportamental e cultural”, disse Minc.

Na sua defesa pela descriminalização das drogas, Carlos Minc fundamenta sua opinião em dados que confirmam o fracasso da política repressiva. “A guerra as drogas  serviu apenas para construir um esquema violento e corrupto que mata 30 vezes mais que a overdose. Morrem policiais, traficantes, usuários e pessoas que nada tem a ver com a questão”, explicou.
Mais do que uma política sangrenta, Minc lembrou que ela é utilizada para criminalizar a população mais pobre. “Nos bairros mais ricos dificilmente encontramos pessoas presas por tráfico de drogas. Já nas regiões mais carentes quase todas as pessoas detidas com entorpecentes são enquadradas como traficantes”, revelou.
Toda esse problemática envolve a dificuldade da atual lei de drogas (11.343/06) de separar usuários de drogas de traficantes. A legislação encontra dificuldade para classificar quem de fato é traficante. O simples fato de uma pessoa passar um cigarro de maconha para outro pode ser suficiente para que ela possa ser enquadrada por tráfico de drogas.
O caminho do debate na esfera do poder
Antes de ser debatido no meio governamental, o debate para a construção de uma nova política drogas precisa passar por um profundo debate técnico, avaliando todas as problemáticas sociais.
Pela primeira vez no Brasil, Ana Fordham representou Consorcio Internacional Sobre Política de drogas (IDPC). A instituição busca levar o debate sobre drogas para dentro de instituições políticas, onde a legislação pode de fato ser alterada.
Ana compartilha da opinião de boa parte dos palestrantes do dia: a atual política de drogas está condenada ao fracasso. Todo controle do comércio de drogas está na mao dos criminosos. A criminalização do consumo não apresentou resultados positivos”, declarou.

Políticas Sócio-Sanitárias sobre Drogas – Paralelo Brasil – Portugal!

A quarta mesa da Conferência teve por objetivo traçar um Painel de Políticas Sócio-Sanitárias. A sessão foi mediada por Milton Romaní Gerner, psicólogo uruguaio atual Secretário Geral Nacional de Drogas. Além dele, dois outros estrangeiros participaram do encontro: Manuel Cardoso, de Portugal, Membro do Conselho Diretivo do Instituto de Droga e Toxicomania; além dos brasileiros Luciana Boiteux e Pedro Gabriel Delgado.
O intuito da mesa é uma amostragem da realidade particular de cada país em relação às drogas e seu vínculo à política sanitária e de saúde. Começou por Portugal, com a experiência de Manuel Cardoso. “As medidas devem ser o mais próximas possíveis do cidadão. Devemos resolver os problemas do cidadão”, revelou Cardoso como forma utilizada por eles para fazer mudanças significativas e efetivas em Portugal.

Cardoso aconselha que o Brasil faça o mais urgente possível a descriminalização de todas as drogas, mas que poderia começar com a maconha. A dica que o especialista português deu foi comentada pela palestrante seguinte, Luciana Boiteux. “Deveríamos seguir os passos de Portugal, que descriminalizou o uso de drogas. O usuário e identificado como aquele que carrega atá 10 doses diárias”.
A professora mestra e doutora em Direito, Luciana Boiteux, teve participação importante na explicação detalhada da pesquisa sobre crimes e drogas, divulgada no meio deste ano. O discurso deixou claro o quanto a especialista é inconformada com a atual política repressiva que se mostra sobretudo injusta. Luciana ainda reafirmou várias a vezes a necessidade do uso da Redução de Danos que, segundo ela, “deve estar presente em qualquer cartilha do mundo”.
O intuito maior da apresentação de Luciana foi classificar a ação do governo como algo que só “enxuga gelo”. Do ponto de vista da saúde pública, uma outro olhar foi explorado pelo médico Pedro Gabriel Delgado,  atualmente coordenador da Área Técnica de Saúde Mental / Álcool e Outras Drogas no Ministério da Saúde, além de professor adjunto da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A participação de Delgado tratou principalmente do assunto da dependência química com cunho médico, destacando ainda a necessidade de internação e tratamento de usuários.
Ele propos também uma visão mais cultural sobre os usuários de crack do Rio de Janeiro. “As historias de vidas dos jovens batizados aqui no rio como ‘garotos da cracolândia’ traduzem histórias de pessoas que já são desafiliadas do sistema ha três gerações. Pais, mães e irmãos já se conduziam por caminhos ilegais, de acordo com a lei brasileira”, afirmou.

A Saúde do Usuário de Drogas em Debate

Se a proposta de descriminalização das drogas ainda encontra forte oposição,  o projeto de redução de danos aos usuários avança no debate político. Representando o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre a Aids no Brasil (Unaids), o  médico Pedro Chequer esteve presente na II Conferência Latino Americana sobre Política de Drogas.
Mais do que falar sobre os projetos da ONU para conter o avanço da AIDS no Mundo, Pedro Chequer apresentou os fatores que colocam os usuários de drogas entre os grupos mais expostos a contaminação do HIV. Pedro também defendeu que o processo de descriminalização das drogas comece com a maconha, inclusive com a regulamentação do cultivo da cannabis para uso pessoal.
Chequer ainda apresentou propostas que combatam a marginalização dos usuários. ”É preciso adaptar os projetos de redução de danos à realidade local. Este processo precisa contar com a integração do governo com a sociedade. As empresas podem contribuir quando não excluem usuários de drogas dos seus quadros”, disse.

Ainda em defesa do investimento em uma política de redução de danos, o farmacêutico David Ruiz, que representou o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento,  lamentou o baixo investimento em redução de danos perto do que os Estados gastam no sistema de repressão ao comércio e consumo de drogas. “Ate 2009 foram investidos U$$ 140 milhões em projetos de redução de danos para 42 países. Isso é muito pouco se pensarmos nos bilhões que já foram gastos na guerra às drogas”,  afirmou.
Além destes, participaram da mesa Bo Mathiesen, da UNODC, representante Regional do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime para o Brasil e Cone Sul; Marcelo E. Vila, coordenador sub-regional em HIV/DST para o Cone Sul da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS); e Javier Hourcade Bellocq, representante Regional para América Latina e Caribe da Aliança Internacional contra o HIV/AIDS. Diretor Executivo dos Amigos do Fundo Global – América Latina e Caribe.

Coronel Jorge da Silva muda de ideia e defende descriminalização das drogas


Em qualquer debate sobre drogas, os militares tradicionalmente se posicionam do lado daqueles que defendem a política repressiva e o padrão estabelecido da “ordem”. Com Jorge da Silva,  Coronel Reformado da Policia do Rio de Janeiro a história não foi diferente. Dos 33 anos de Polícia Militar, ele defendeu fortemente o sistema repressivo às drogas durante 20 anos e chegou a acreditar que usuários e traficantes mereciam a mesma pena.  Hoje em dia ele não pensa mais assim.
Após anos de trocas de tiros, mortes e prisões o Coronel percebeu que esta era uma guerra sem fim. “Nem todo esforço policial e investimento em equipamentos de guerra foi capaz de diminuir os males causados por esse modelo”, declarou Jorge da Silva, que agora defende a descriminalização das drogas.

Sem medo de ser alvo de piadas, o Coronel lembrou da época que achava que a maconha era a erva do Diabo e sentia raiva ao ouvir um discurso em defesa da descriminalização.
Agora, de forma direta e objetiva, ele condena a política de guerra as drogas adotada no governo Nixon – e copiada em boa parte do mundo – em que a repressão ao uso de drogas foi intensificada com um forte investimento no setor militar. Para ele “este é um modelo insano”, ou que pelo menos “se presta a motivos não revelados”, disse ele alfinetando o sistema. 
Jorge da Silva lembrou ainda da dificuldade de se apresentar um discurso em defesa da descriminalização das drogas no meio militar. De acordo com o Coronel, a ideia de que o fim da repressão aumentaria o consumo ainda é fortemente difundida no meio militar.
Como exemplo de sucesso de uma política de descriminalização, Jorge da Silva citou o caso de Portugal, que mesmo despenalizando o consumo não apresentou aumento no  número de consumidores.
Direitos Humanos em Pauta
Além de fracassado do ponto de vista estratégico, a atual política de drogas ainda é responsável por uma constante violação de direitos humanos.  Está é avaliação do Secretário Nacional de Justiça, Pedro Abramovay,  durante a II Conferência Latino sobre Política de Drogas.
Pedro criticou o desenvolvimento do sistema neoliberal que aumentou o encarceramento da população,  especialmente por crimes relacionados ao comércio e uso de drogas ilícitas. “É evidente o aprisionamento das classes dominadas é  maior do que a classe dominantes”, afirmou Pedro Abramovay, lembrando que boa parte dos condenados por tráfico de drogas são oriundos de regiões mais carentes.
Já Claudio Morgado, Presidente do Instituto Nacional contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo (INADI) e membro do Ministério da Justiça, Segurança e Direitos Humanos da República Argentina, falou sobre a necessidade de que os usuários sejam tratados como cidadãos de direito. Além disso, ele salientou a importância de uma articulação interministerial para que o debate possa avançar na Argentina e que parceiras internacionais também devem ser buscadas para que haja um avanço global em relação a causa. 



Na opinião de Kasia Malinowska-Sempruch, Diretora do Programa Global sobre Políticas de Drogas do Open Society Institute, da Polônia, a América Latina assume uma posição de ponta no debate, afinal, segundo ela “essa é primeira Conferência com foco global que é organizada”. Ela lembrou também do quanto a política repressiva é um fracasso sobretudo no que diz respeito a questão de Saúde Pública.
Segundo ela, 83% dos doentes com AIDS, na Rússia, são usuários de drogas. No mais, ela demostrou não entender como o tratamento de substituição de drogas não funciona para pacientes usuários de drogas pesadas. E lembrou que, apesar de eficiente, o modelo de tratamento só não é utilizado por um rejeição social em relação a tratamentos que não induzem a abstinência.