Assim como ocorre com boa parte das culturas marginalizadas, a história da maconha no Brasil ainda sofre com a falta de pesquisas e informações necessárias para sua preservação. Mas uma descoberta feita em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro coloca um pouco de luz neste caminho. De acordo com a coluna do jornalista Ancelmo Gois. no jornal O Globo, arqueólogos da UFRJ descobriram vestígios de maconha em cachimbos utilizados por escravos que viviam na região no século XIX.
Os primeiros escravos das etnias Quicongo e Quimbundo trouxeram as sementes de maconha escondidas na roupa. Na cultura desses grupos a maconha era utilizada em períodos de lazer e durante alguns rituais religiosos.
Segundo a arqueóloga Rita Scheel-Ybert foram encontradas 198 peças. "É uma pesquisa pioneira. Através da análise de microrrestos vegetais, fitólitos (cristais de silício característico de cada planta) e grãos de amido, temos informações sobre vestígios vegetais em peças de cerâmica e cachimbos. Encontramos neles pequenos vestígios que podem ser de cannabis" , explica.
A história da criminalização da maconha, na década 30, está diretamente ligada a uma posição racista do governo brasileiro. A maconha era apontada como um elemento da cultura negra "que poluía e destruía os valores da cultura (branca) nacional". No início do século 20 a maconha também foi acusada de representar uma vingança dos negros pelos sofrimentos causados durante a escravidão.
Em 1890 o governo republicano do Brasil criou a Seção de Entorpecentes Tóxicos e Mistificação, para impedir o denominado "baixo espiritismo". Tal medida foi diretamente responsável pela a perseguição aos rituais de origem africana, como o candomblé. A repressão se manteve até o governo de Getulio Vargas, que negociou com os fiéis do candomblé a retirada da maconha dos cultos em troca da legalização da religião.
Os cachimbos encontrados em Itaboraí serão exibidos a partir do dia dois dezembro na mostra "Arqueologia no recôncavo da Baía de Guanabara".
Um comentário:
vamos lá fumar esses cachimbos, se cachaça envelhecida é melhor, imagina cannabis do seculo XIX!!
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