Patrocinar a vinda de Ethan Nadelmann (DPA) ao Brasil para proferir a palestra magna em seu Congresso foi uma demonstração de apoio incontestável da ABRAMD – Associação Brasileira Multidisciplinar de Estudos sobre Drogas - ao movimento de reforma das políticas de drogas em nosso país. Isto porque, além da participação desse ativista internacional no evento, que reuniu um grupo multidisciplinar de profissionais, sejam da saúde, da educação, ou das universidades, também possibilitou que inúmeros eventos como o da Psicotropicus/Viva Rio/Ministério da Justiça, o do IBCCrim e do O Globo fossem realizados e tivessem tanta repercussão. Especialmente para o Psicoblog, faço aqui um relato do que presenciei de mais importante durante esses 3 dias de congresso.
O 2º Congresso da ABRAMD sobre drogas e dependências teve como tema central, este ano, “Drogas, Diversidade e Integração” e foi realizado na cidade do Rio de Janeiro, entre 6 e 8 de agosto de 2009. Como então coordenadora da ABRAMD-Educação, coordenei várias mesas e portanto não pude presenciar todas as palestras.
A mesa de abertura foi interessante, pois, os discursos do então presidente da Abramd, Dartiu Xavier da Silveira , do coordenador de saúde mental do Ministério da Saúde, Pedro Gabriel Delgado e do coordenador do evento, Marcelo Cruz foram bastante objetivos e até elogiados por Ethan que estava ao meu lado: afirmou que as falas foram muito coerentes e parecidas com o que ele acredita.
Mas, sempre um mas, o discurso mais longo e, portanto, nada objetivo do general Uchoa, da Secretaria Nacional sobre Drogas foi um desfile das realizações SENAD – enaltecidas – com ênfase em redução de danos e outras falas progressistas, mas o grand finale revelou o que estava nas entrelinhas: repressão e crítica ao uso/usuário de drogas. E em seguida deixou a plenária.
Ethan iniciou a palestra magna afirmando que esta seria provocativa: afirma inicialmente que não houve, nem nunca haverá sociedade sem drogas. (leia mais sobre o discurso de Ethan Nadelmann)
A mesa redonda Prazer e Riscos na vida do adolescente contou com a presença de Monica Gorgulho, que teve sua apresentação baseada em conceitos teóricos sobre adolescência e exemplificou com o uso do álcool pelos jovens e remeteu à hipermodernidade, uma época pós moralista. (leia mais sobre a palestrade Monica Gorgulho)
Outra mesa que pude acompanhar foi sobre tratamento de usuários de crack que focou, principalmente, a necessidade de formação da rede funcional de atendimento e que possa acolher realmente os usuários, através da inserção de vários serviços comunitários e dos CAPS-AD.
Outra conferência importante foi a de Lia Cavalcanti, brasileira que dirige a ONG EGO associação «Espoir Goutte d’Or» em Paris, fundada em 1987, a primeira associação na França e na Europa, a desenvolver uma intervenção baseada na metodologia da redução de danos. Afirma que a prevenção deve estar focada no comportamento e não na moral e sua base são estratégias para sobreviver e garantir a preservação da espécie. (leia mais sobre a palestra de Lia Cavalcanti)
A palestra do professor Carlini foi científica e com linguagem técnica, mas extremamente interessante ao abordar o tema “sistema canabinóide do cérebro humano”, trabalho pelo qual recebeu recentemente prêmio da comunidade científica internacional. (leia mais sobre a palestra do prof. Carlini)
No encerramento do evento foi apresentada a nova diretoria eleita da Abramd formada por membros de várias regiões do país, o que fortalece a idéia de diversidade: Bahia, Pernambuco, São Paulo, Minas e Rio. E também a multidisciplinariedade, pois, além de médicos, acadêmicos, psicólogos, temos pela primeira vez um redutor de danos na diretoria da ABRAMD – Marcos Manso da Bahia! Axé!
Revisão e postagem Marisa Felicissimo
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