A notícia de que o tráfico de drogas está de volta ao Complexo do Alemão não causa estranheza para os que não embarcaram no clima de ufanismo que tomou conta do Rio de Janeiro no final do ano passado. Afinal, um verdadeiro plano de segurança pública não se consolida apenas com tanques blindados e bandeiras hasteadas.
Uma reportagem publicada no jornal O Estado de São Paulo nesta quarta-feira cita documentos confidenciais do Centro de Inteligência do Exército (CIE) que apontam o retorno de pontos de vendas de drogas dentro do Alemão. Agora, as bocas de fumo funcionam de forma itinerante na favela da Galinha, além de contar com a ajuda de mototaxistas trabalhando como olheiros.
O relatório do exército também aponta a existência do tráfico de drogas na localidade conhecida como Skol, na Fazendinha. Outro revela que homens a serviço do tráfico circulam pela comunidade em um Corolla monitorando o posicionamento dos homens do Exército.
Agora, Parte da sociedade que acreditou na decisiva vitória do bem contra o mal no final de 2010 deve, enfim, acordar para a realidade. A guerra às drogas ocorre em diferentes formas pelo mundo. Mas em nenhuma delas o Estado conseguiu vencer definitivamente o tráfico.
O que ocorre agora no Alemão não é nenhuma novidade. As quadrilhas que antes se mantinham uma custosa ocupação territorial, agora se organizam de forma nômade e descentralizada, apelidados de "formiguinhas". Desta forma, o comércio de drogas ilícitas já funciona há décadas nos Estados Unidos e na Europa.
É provável que o Estado consiga finalmente consolidar o seu poder nas comunidades que estão sendo ocupadas. Mas é uma grande utopia acreditar que este é um projeto de segurança pública capaz de acabar com tráfico.
Um comentário:
E o objetivo nao deve ser mesmo acabar com o tráfico. Paz, Saúde, Educação e Segurança sao as metas a serem alcançadas. Como diz a reportagem, esse "tráfico" (entre aspas pois as pessoas entendem trafico e traficante de maneiras bem diversas, em geral de forma muito mal informada)já existe há décadas na Europa, EUA, Oceania e quem sabe em outros lugares deste vasto planeta.
Que imbecilidade essa repressão às drogas, que estupidez essa intervençao militar na economia de substancias quimicas e plantas. Se nao houvesse essa intervenção repressiva e essas leis desmoralizadas - pois infringidas por centenas de milhoes em todo o planeta - o que chamam de droga nem teria vindo a ser problema de qualuqer espécie!
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