Não faltam argumentos para criticar a guerra às drogas: fracasso na tentativa de controle das substâncias ilícitas, violação da soberania dos países produtores, aumento da corrupção de agentes públicos, carência de investimento na saúde dos usuários e muitos outros.
Além de todos os problemas citados acima o pesquisador Nigel Inkster, diretor da divisão de Ameaças Transnacionais e Riscos Políticos do instituto de pesquisas britânico International Institute for Strategic Studies (IISS), aponta para uma crise segurança institucional gerada pela guerra às drogas.
Esta tese está no recém-lançado livro Drugs, Insecurity and Failed States - The Problems of Prohibition (Drogas, Inseguranças e Estados Falidos - Os Problemas da Proibição), co-escrito com Virginia Comolli, pesquisadora do IISS. Ele acredita que legalização só terá sucesso se aplicada em escala global. "A legalização pura e simples poderia, em teoria, provocar o colapso ou a erosão do mercado negro internacional, mas chegar a esse ponto seria muito complicado politicamente e contencioso. E seguramente, exigiria investimentos."
No livro ele aponta que a América Latina está entre as regiões que mais sofreram coma política proibicionista, com destaque para a assustadora escala da violência no México e sua expansão para países da América Central como Nicarágua, Guatemala, El Salvador.
"A proibição fracassou em tentar reduzir o consumo global e inadvertidamente deu de presente um negócio multibilionário a organizações criminosas, insurgentes e paramilitares. A chamada guerra às drogas criou uma ameaça significativa à segurança internacional e também criou a necessidade de um novo debate sobre o assunto baseado em provas empíricas", explicou Nigel.
Ao citar o Brasil, Nigel foi cético ao observar o triunfalismo do programa de UPPs no combate a tráfico de drogas "A afirmação de que o tráfico foi eliminado no Rio deve ser vista com certa dose de ceticismo. Ainda é cedo para avaliar práticas que passaram a vigorar há pouco tempo", declarou.
Vale citar que Nigel Inkster é ex-diretor do Serviço Secreto Britânico.
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