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sábado, 14 de setembro de 2013

Saúde Pública e Uso de Drogas: SUS

Montagem dos textos e comentários de Luiz Paulo Guanabara (LP)

Da página de Bruno Gomes no Facebook
por Luís Fernando Tófoli
8 de setembro

"O professor David Nutt argumenta as razões pelas quais um sistema universal de saúde precisa se basear na redução de danos como orientação de sua política pública de uso drogas. É preciso estar claro para os defensores do SUS e o Ministério da Saúde que não há abordagem mais sã para este problema. A seguir trecho em português (tradução minha) e no original em inglês:"

LP: Concordo com o Luís em que não há melhor abordagem de saúde pública para problemas decorrentes do uso de drogas do que a Redução de Danos.

Tradução (levemente editado por LP, que tem mania de fazer isso depois que trabalhou como tradutor de livros por mais de oito anos. Edição feita sobre uma tradução precisa, criativa e excelente.)

“Claro que, se você realmente vê o uso de drogas ilícitas como um problema moral, então não importa se os usuários de drogas causam danos a si mesmos, já que eles assumiram um risco e quaisquer consequências negativas derivadas desse uso é culpa deles. No entanto, isso é ilógico, uma vez que o nível de risco ao tomar drogas é praticamente o mesmo que em atividades cotidianas, como a equitação, que não são vistas como imorais, e boas políticas para equitação envolvem capacetes e práticas seguras de montaria, em vez de proibir que as pessoas andem a cavalo. Essa crença (moral) também é desumana, e vai contra os princípios de saúde universal sobre os quais o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido foi fundado. Nele, até mesmo um agravo auto-infligido merece tratamento humanizado. Por fim, essa crença é desinformada e não compreende como funciona a saúde pública. As grandes melhorias na saúde dessa nação observadas ao longo do século passado ocorreram precisamente porque começamos a tratar todas as pessoas: as doenças são contagiosas, e todos se beneficiam de ajudar os que estão sob maior risco de contraí-las e transmiti-las. Usuários de drogas fazem parte da sociedade, e quando os tratamos como tal, os resultados trazem benefícios para todos, inclusive para os que não são usuários de drogas.”

Original: “Of course, if you truly see illicit drug use as a moral problem, then it doesn’t matter if drug users cause themselves harm, because they took a risk and any negative consequences are their own fault. However, this is illogical, since the level of risk in taking drugs is about the same as in everyday activities like horseriding, which aren’t seen as immoral, and good policies for horse-riding involve helmets and safety-conscious riding rather than stopping people getting on horseback. It is also inhumane, going against the principles of universal healthcare that the UK’s National Health Service was founded upon, where even self-inflicted illness deserves compassionate treatment. And it is misinformed, failing to understand how public health works. The huge improvements in the nation’s health we have seen over the past century have come about precisely because we started treating everybody : diseases are infectious, and everybody benefits from helping those at most at risk of contracting and passing them on. Drug users are part of society, and when we treat them as such the outcomes improve for everybody, including non-drug users.”

Nutt, D. Is ecstasy more dangerous than horse riding? In: Nutt, D. Drugs without the hot air: minimising the harms of legal and illegal drugs. Cambridge: UIT Cambridge. pp. 2013

Em decorrência dos comentários que se seguiram na página do FB do meu amigo Bruno a respeito dessa postagem de Luís Fernando, argumentei:

"Se ha um entendimento de que nao existem drogas que causam dependencia mas sim pessoas que se tornam dependentes, seria incoerente afirmar que o cigarro é uma droga mais perigosa que a maconha. No entanto, no livro Maconha: Mitos e Fatos - uma revisão das provas científicas do Sec XX - lançado pela editora da ONG Psicotropicus - os autores de fato afirmam que o cigarro é mais danoso aos pulmões, já que a vilã fumaça carrega as toxinas e os tabagistas em sua maioria queimam muito mais fumo que os maconheiros."

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