O terrorismo midiático é quase uma regra quando o assunto é maconha. Em reportagem recente, o SBT Brasil relatou com um alarmismo pavoroso o consumo de maconha na região do Vale do Anhangabaú, no Centro de São Paulo.
A reportagem tratou a repressão policial como uma ação de "limpeza" do Centro da capital, banalizou aspectos culturais do uso da maconha, além de tratar os usuários como criminosos e doentes de uma forma generalista. Desta forma, o SBT alimentou a tese simplista e preconceituosa de tratar as drogas como uma questão policial e classificar os usuários como pessoas de um “submundo”.
“Em relação às grandes emissoras de TV, rádio e jornais do Rio, é a rede Globo a que mantem uma postura mais aberta ao debate, sem aquela sanha condenatória aos usuários de drogas e mistificação dos pés-rapados travestidos de traficantes, como a velhinha do crack, na absurda e insensível descrição de um jornalismo que não entende absolutamente nada da realidade do mundo das drogas ilegais. Além da insana ode aos policiais que entram atirando nas favelas, mandando bala no seu próprio povo, a política de confrontação e violência gerando audiência e vendendo jornais na patrulha da cidade transmitida em programas de baixo espetáculo.
Veja o vídeo cima: olha como manipulam a emoção do espectador no uso da palavra droga como a encarnação de um abstrato demônio com que fisgam a sua atenção e paralisam seu raciocínio. Não é maconha. É DROGA! Não é cocaína. É DROGA! Não é crack. É DROGA! O problema é que também não é cerveja. É DROGA! Não é whisky. É DROGA! Não é calmante. É DROGA! Não é cigarro. É DROGA!
E a verdade é que não é droga, é maconha; não é droga, é vodka; não é droga, é cigarro; não é droga, é cocaína. Essa cantilena de exaltação a uma abstrata droga incorporada de coisas que só podem ser ruins, maléficas, perniciosas à saúde serve somente para implantar o engodo do medo a substâncias inertes, fomentando uma cultura de intolerância e preconceito que serve ao interesse dos pequenos grupos que se beneficiam da proibição, especialmente o tráfico, a polícia corrupta e o sensacionalismo do barato que vende notícias. É o "Barato do Uruguai" da revista de domingo do jornal O Globo, matéria que apesar do uso no título desse sensacionalismo de que falamos acima, expõe com isenção a proposta do seu presidente José Mujica”, avalia Luiz Paulo Guanabara, diretor-executivo da Psicotropicus.
Um comentário:
Recente estudo diz que fanáticos religiosos têm reduzida a capacidade de raciocínio. Faz sentido: eles começam e encerram discussão com 'é droga e pronto". Mas o ápice do analfabetismo funcional é o risível 'se fosse bom não teria o nome de droga'. Outra engraçada também é o 'falsa sensação de prazer'.
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