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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Tortura: a nova consequência do crack.

Por Marisa Felicíssimo
Essa impressionante reportagem exibida no Fantástico é  a revelação do submundo do tratamento da dependência química. Um comércio escandaloso de internações forçadas (e ilegais), doentes são maltratados e famílias, enganadas. E ainda paga-se alto por tudo isso.
Analisando esta reportagem percebemos que, não são só os traficantes que estão lucrando com a situação na qual a questão das drogas se encontra hoje no Brasil. Comunidades terapêuticas como estas, mostradas na reportagem, existem por todo o país. Em nome do “tratamento” ou da “cura” para a dependência química, pacientes estão sendo submetidos a cárcere privado e torturas de todo tipo e ainda pagam por isso (cerca de 1000 reais por mês).

Nesta “industria do tratamento” surgiu até uma nova profissão: “o corretor de pacientes”, que ganha comissões para “facilitar” internações. Quanto mais ele interna, mais ele ganha.
No Brasil existe uma lei, que não autoriza ninguém a internar pessoas contra a vontade.  Caso a pessoa esteja correndo risco de vida ou ameaçando a vida de outros, uma internação involuntária pode ser indicada por um médico e precisa ser comunicada ao Ministério Público, em até 72 horas.
O estado de alarmismo criado pela chamada “epidemia do crack” tem feito famílias utilizarem “técnicas”das mais diversas para lidar com o problema. São recorrentes notícias sobre mães acorrentando filhos ao pé da cama e pais que preferem que seus filhos estejam presos ou mortos a estarem na cracolândia. Torturas e privação de liberdade parecem ser, agora, condutas justificáveis para lidar com o problema.
Nós não podemos aceitar isso. Pessoas não podem sair por aí infringindo direitos humanos, liberdades civis e leis sanitárias em nome de uma resposta ou uma “solução” urgente e definitiva para o problema da dependência química.
Não podemos nos esquecer que estes “usuários de drogas” são, acima de tudo, pessoas. Pessoas em estado de sofrimento profundo e que merecem cuidados médicos, psicológicos e sociais e, acima de tudo, o cuidado e a atenção do outro (seja este família, sociedade ou governo).
Uma solução rápida e definitiva para o problema está longe de ser atingida, mas temos que continuar insistindo no caminho da ciência, do respeito e da compaixão.
Veja o vídeo do Fantástico e mais abaixo a opinião de dois especialistas no Jornal Nacional, sobre o mesmo tema. Infelizmente é triste ver que ainda há psiquiatras que defendem internações involuntárias e comunidades terapêuticas. Ainda bem que, o que representa o governo, tem opinião mais sensata.


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