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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Redução de danos é alvo de sensacionalismo midiático

Um jornalista do O Dia entra blog da Coordenação Saúde Mental da Prefeitura do Rio de Janeiro. Lá, ele encontra um link para download para o livro "Drogas: Clínica e Cultura/Toxicomanias, Incidências Clínicas e Socioantropológicas".  Na publicação ele descobre que a maconha pode ser usada no tratamento de redução de danos e que o cultivo caseiro é uma alternativa que tira o usuário do mundo da violência e do tráfico.

Foi o suficiente para transformar um debate técnico e científico em escândalo político. Com a manchete "Saúde defende a maconha" a reportagem acusa a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil de seguir a proposta do livro para o tratamento de dependentes químicos. A Secretária regiu e disse que o blog é apenas uma iniciativa dos funcioários. Mas o link do livro foi retirado.

O repórter chama de surpreendente a indicação do Santo Daime como “exemplo de redução de danos”. Para comprovar que a indicação do livro é um absurdo ele cita o assassinato do cartunista Glauco, morto por um adepto do Daime que "estava fora fora de si".

Em nenhum momento a reportagem explicou aos leitores como funciona a redução de danos. Uma rápida e simples pesquisa no Google poderia apresentar ao repórter exemplos de sucesso deste modelo de tratamento. Mas parece que o objetivo era apenas alardear que um órgão público está "recomendando" um tratamento com o uso de uma droga ilícita. O assunto rendeu tanto que até o prefeito Eduardo Paes entrou na história.

"Já mandei abrir um inquérito para tirar o site do ar. É ilegal e é um absurdo ter um site com a logomarca da prefeitura, incitando algo totalmente ilegal. Já falei com o Secretário de Saúde, Hans Dohmann, para descobrir quem colocou esse material no ar. Sou totalmente contra o plantio de maconha mesmo para o consumo próprio. É ilegal."
 
O repórter Franciso Edson Alves teria muito o que falar sobre redução de danos se optasse por ler o livro inteiro. E poderia muito bem ouvir especialistas contrários a essa linha de tratamento. Assim se faz o bom jornalismo: apresentando os dois lados da história.

Pena que não foi asssim!

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