Depois de abandonar a Convenção Única de Entorpecentes da ONU o governo boliviano segue na luta para garantir que o povo deste país tenha o direito de fazer o uso da folha de coca, que faz parte de uma tradição secular naquela região. Contra a manutenção do discurso proibicionista da ONU o presidente Evo Morales atacou:
"Não somos viciados em drogas quando consumimos a folha de coca. A folha de coca não é cocaína, temos de nos livrar desse equívoco", disse ele no discurso, que terminou sob aplausos. "Essa é uma tradição milenar na Bolívia, e esperávamos que os senhores entendessem que os produtores de coca não são traficantes de drogas."
A declaração foi feita na última segunda-feira durante a Comissão de Entorpecentes da ONU, em Viena. "Não há nenhum dado no mundo que prove que esta folha de coca tenha feito dano à saúde nem ao ser humano", ressaltou Morales em discurso de meia hora que acabou com aplausos de numerosas delegações. Ele ainda aproveitou para exibir uma série de produtos fabricados com folha de coca, como geleia, chá, refrescos, e até um licor feito na Holanda.
Em primeiro de janeiro a Bolívia solicitou o retorno a Convenção de Entorpecentes da ONU, com a ressalva sobre a proibição da utilização da folha de coca para fins tradicionais. A decisão sobre o retorno da Bolívia será tomada em votação no Conselho Econômico e Social da ONU. Se um terço das nações rejeitar a ressalva, o país andino não recuperará sua condição de Estado-membro da Convenção.
A questão está longe de ser resolvida e promete novos capítulos.
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