Há exatos 100 anos uma convenção realizada em Haia, na Holanda, dava inicio a política repressiva de controle do uso de drogas. Contando com representantes de China, França, Alemanha, Itália, Japão, Holanda, Irã (então, Pérsia), Portugal, Rússia, Tailândia, Reino Unido e territórios britânicos (incluindo a Índia) a Convenção Internacional do Ópio abriu caminho para a guerra às drogas.
O debate girou em torno do controle de quatro drogas: ópio, morfina, cocaína e heroína. De um lado, China e Estados Unidos tentavam estabelecer regras duras para o comércio. Do outro lado da mesa as principais potências europeias tentavam protelar as negociações do olho no lucrativo comércio de ópio que vinha se expandindo desde a segunda metade do século 19.
Entre os representantes da convenção a anfitriã Holanda era que mais faturava com o narconegócio. A Companhia das Índias Orientais Holandesas chegou a lucrar 26 milhões de florins no ano de 1914, antes da convenção entrar em vigor. Neste cabo de guerra as potências europeias conseguiram diminuir a força da convenção de 1912, mantendo a ênfase na regulamentação do comércio e não na proibição total das drogas.
Nos anos seguintes (1913 e 1914) foram realizadas novas convenções, sendo na última que os Estados Unidos criaram a Lei dos Narcóticos de Harrison, que tornava ilegal a posse de opiáceos por pessoas não autorizadas. A partir deste momento as propostas de controle sobre o uso de drogas (inclusive o álcool) começaram a ganhar força no meio político, aumentando cada vez mais o número de substâncias proibidas.
O que aconteceu foi a aplicação na prática do discurso puritanista norte-americano que defendia um Estado controlador das condutas individuais do cidadão. Desta maneira, foi consolidado o que hoje conhecemos como guerra às drogas.
3 comentários:
O que aconteceu foi a aplicação na prática do discurso puritanista norte-americano que defendia um Estado controlador das condutas individuais do cidadão. > define bem o que aconteceu e rola em diversos outros setores da vida social. Aliás, os poderes constituidos nao se cansam na busca de controlar os individuos, suas manifestaçoes, seu pensamento, até suas emoções.
Neste cabo de guerra as potências europeias conseguiram diminuir a força da convenção de 1912, mantendo a ênfase na regulamentação do comércio e não na proibição total das drogas. > é o que fazem até hoje e vao continuar fazendo até que essa palhaçada da politica de drogas proibicionista seja abandonada de vez.
Temos que ficar atentos para que a produção e venda das drogas não fiquem nas mãos de grandes corporações interessadas no imenso lucro que a comercialização legal da droga pode gerar... Como ocorria com o ópio antes da proibição.
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