A tão alarmada intervenção do Estado na Região da Cracolância de São Paulo deixou números de uma típica ofensiva "enxuga gelo" da guerra às drogas. Após três dias de operação constante e 538 abordagens que prometiam acabar com o tráfico na região foram apresentadas apenas 21 gramas (isso mesmo, gramas!) e quatro pessoas presas por terem mandado de prisão.
Apesar da anunciada assistência social aos usuários de drogas ninguém foi encaminhado aos centros de recuperação. Afinal, espaço prometido pela prefeitura, com capacidade para 1200 pessoas, só deve ser inaugurado em 30 dias. Sem admitir o fracasso da operação a polícia segue argumentando que vai erradicar o consumo de crack no centro de São Paulo. "Em 30 dias vamos identificar traficantes e cortar a chegada de crack na região", disse o comandante-geral da PM, coronel Álvaro Camilo.
Na prática, o resultado desta ação puramente policial de combate as drogas foi a disseminação da Cracolândia para outros pontos da capital paulista, como na praça Princesa Isabel e o canteiro da avenida Duque de Caxias.
Especialistas na área de saúde que já realizam atendimentos médicos na região da Cracolândia consideraram desastrosa a intervenção policial no local. Em entrevista a Folha de São Paulo o psiquiatra Dartiu Xavier, diretor do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp, afirmou que essa operação pode "pode destruir um trabalho de anos".
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