Venho acompanhando de perto, não de tão perto quanto gostaria, os casos de Fabio, grower preso em Olaria – Rio de Janeiro com dez plantas de cannabis e o caso do usuário medicinal de Porto Alegre que teve sua propriedade invadida pela polícia e sua plantação dizimada. É com grande tristeza que nós da Psicotropicus tomamos conhecimento destes fatos e de muitos outros enquanto ao mesmo tempo acompanhamos os progressos de países como os EUA, Canadá, Israel, Holanda, entre outros que se utilizam do poder terapêutico da cannabis para combater males como a dor de cabeça, dor crônica, ansiedade, enjôo, falta de apetite, entre inúmeros outros.
Infelizmente o Fabio e o rapaz de Porto Alegre moram no Brasil e estão assujeitados à uma legislação ainda carente de muitas mudanças que possam proteger os interesses de usuários de drogas tornadas ilícitas. Fabio não está mais atrás das grades, graças a intervenção de muitos companheiros de luta, mas e o rapaz de 33 anos que usa a cannabis para combater as náuseas, enjôos, e mal-estar causado pelas sessões da quimioterapia??? Pelo que tenho acompanhado ele já tem um advogado para defendê-lo. Mas e se não tivesse?? Como faríamos????
Penso no movimento do Thiago (coletivo DAR) de termos uma listagem de advogados antiproibicionistas em todo o Brasil para que possamos acessar nestes casos, e acho uma otima idéia. Minha única preocupação é como faremos para nos assegurar que estamos lidando com cannabiscultivadores que, assim como nós, rechaçam o tráfico de drogas e os crimes a ele relacionados?
Quero parabenizar em nome da Psicotropicus, o pessoal da Marcha da Maconha, em especial o advogado e militante Gerardo Santiago e o também militante Renato Cinco, a turma do Hempadão, grupo que tem se mostrado coeso e coerente neste movimento, e do Growroom, site de excelência onde podemos encontrar noticias canábicas regadas diariamente, pela fundamental atuação e presença marcante nestes casos. A partir deste momento o movimento antiproibicionista tem importante vitória fortalecendo práticas de cultivo caseiro e abrindo um precedente para que nenhum usuário, seja ele grower ou não, venha a ser preso como traficante. Não estou com isso desconsiderando os equívocos que atual lei 11.343 traz em seu bojo não precisando quantidades que diferenciam o usuário do traficante e deixando esta interpretação para os agentes da lei. Mesmo assim, demos um grande passo rumo a um futuro que lutamos dia-a dia para que se faça presente.
É com grande felicidade que recebo a noticia de que Fabio não está mais na Polinter, e espero que esta seja a primeira de inúmeras mobilizações que precisarão ser feitas para mudarmos o atual paradigma proibicionista e repressor que nos cerca.
Sabemos os males que a cannabis pode combater, agora nos falta saber o que usar para combater o preconceito, a discriminação, a violencia, o moralismo e a hipocrisia que dominam o mundo para que trilhemos caminhos de maior tolerância e entendimento para a questão do uso de drogas no Brasil.
Maíra Fernandes
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