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segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Marcha da Maconha 2004, Rio de Janeiro, Ipanema, maio de 2004

por Luiz Paulo Guanabara

Outro dia recebi uma dissertação sobre a chamada Marcha da Maconha, mais uma, o autor preocupado com seu capítulo sobre a história do movimento e me comunicando que usara todo o material publicado neste blog sobre a primeira marcha da maconha feita no Brasil, no Rio, em maio de 2002, quando cerca de 500 pessoas tomaram as ruas de Ipanema, indo da Praça N. Sra da Paz até o Posto 9, ocupando um quarteirão inteiro da Rua Visconde de Pirajá antes de dobrar na Vinícius de Morais e chegar na praia.

Depois da Marcha de 2002 organizada pela ativista portuguesa Suzana Souza, que ao mesmo tempo também organizou a 1a marcha da maconha em Rosário, Argentina, no mesmo fim de semana, Suzana nunca mais se envolveu publicamente com atividades pela legalização da maconha. Ela me apresentou ao novaiorquino Dana Beal diretor da ONG Cures-Not-Wars (algo como Curar Sim Guerras Não) e a Psicotropicus passou a ser a organização representante oficial da Marcha Mundial da Maconha (MMM), que em 2002 foi realizada em cerca de 250 cidades ao redor do mundo.

Ou seja, a Suzana introduziu o Rio no mapa do projeto internacional da MMM, que chegou a reunir mais de 300 cidades em algumas de suas edições, iniciadas em 1999. As passeatas e manifestações pela legalização da maconha tiveram início nos anos 1960-70, as mais visíveis tendo ocorrido nos EUA. No início de seu governo o presidente Jimmy Carter chegou a legalizar a maconha, para voltar atrás alguns meses depois. Mas foi o projeto da MMM que estabeleceu uma continuidade de marchas anuais em um número cada vez maior de cidades.
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Muitos parecem se esquecer que o precursor do movimento pela legalização da maconha no Brasil foi o ex-deputado federal Fernando Gabeira. Fui encontrar com o deputado em seu gabinete no Rio em 2003, depois de ter voltado da conferência antiproibicionista “Out from the Shadows: Ending Drug Prohibition in the XXI Century (Saindo das Sombra: O Fim da Proibição de Drogas no Século XXI).

Algumas palavras sobre esse evento

A Law Enforcement Against Prohibition (Agentes da Lei contra a Proibição - LEAP) tinha acabado de ser fundada e era curioso ver todos aqueles policiais que haviam passado anos perseguindo e prendendo usuários e vendedores de drogas ilícitas agora defendendo uma radical legalização de todas as drogas. Foi também nessa conferência - realizada em Mérida, México, pela Drug Reform Coordination Network (DRCNet), hoje chamada Stopthedrugwar.com que semanalmente publica a Drug War Chronicles (Crônicas da Guerras às Drogas) e pela revista eletrônica Narco News, que despejava na internet críticas ferrenhas contra a política proibicionista - que a Psicotropicus foi anunciada pela primeira vez. Veja [link] o vídeo.

Este evento foi o primeiro sobre política de drogas focado na América Latina. Foi todo filmado e pode ser encontrado na Internet. É mencionado aqui [link] pela sua importância para o movimento regional pela legalização das drogas.

Voltando ao Gabeira

O deputado Gabeira se mostrou muito solícito e disposto a apoiar a que teria sido a marcha da maconha de 2003. Entretanto, entendi que quando percebeu que a manifestação teria muita repercussão, como ocorrera em 2002, noticiada em muitos jornais e telejornais, Gabeira recuou em cima da hora, dizendo que não era um bom momento. Nessa altura quem estava nos ajudando era Célia Sterenfeldz, do Programa Integrado de Marginalidades (PIM), com quem a Psicotropicus dividia um escritório. Pensamos em levar adiante assim mesmo, mas não tínhamos nenhum apoio financeiro, embora contássemos com o apoio do movimento de Redução de Danos, que decidira se alinhar com o movimento antiproibicionista.

Talvez seja interessante assinalar que o que levou a Psicotropicus a chamar o movimento de Antiproibicionista foi a existência da italiana Liga Internacional Antiproibicionista (LIA), uma das diversas organizações presentes na conferência de Mérida, mencionada acima. Um de seus ativistas, Marco Cappato, era do Partido Radical Transnacional italiano e membro do Parlamento Europeu. Entretanto, o termo inglês “Drug Policy Reform” (Reforma das Políticas de Drogas) prevalece há muito no plano internacional, que quase não usa “antiproibicionismo”, embora no Brasil seja este o termo que prevalece: Movimento Antiproibicionista - como estava estampado no primeiro website da Psicotropicus. No campo das drogas, cuja língua é o inglês, o Brasil parece estar sempre em descompasso com o resto do mundo. E foi o que acabou ocorrendo com a Marcha da maconha a partir de 2008, como relataremos em outra oportunidade.
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Voltando a 2003, a Psicotropicus realizou sua Assembléia Geral de formação em 25 de julho e enviamos um projeto chamado “Give Drugs a Chance” (Dê uma Chance às Drogas) para a Tides Foundation, depois de participar da conferência da Drug Policy Alliance (DPA), em Nova Jersey, cujo diretor estava entre os que decidiam quais projetos de Reforma das Políticas de Drogas receberiam dinheiro do fundo para a América Latina da fundação. Fomos selecionados e agora tínhamos dinheiro para a Marcha de 2004. Queríamos reunir todos os grupos e organizações que atuavam no campo das drogas para fortalecer a manifestação. Existiam somente duas: o Fórum Growroom para discussão sobre plantio de cannabis, cujos membros tinham medo de mostrar a cara ou falar sobre o assunto com a mídia, ao contrário do que ocorre hoje em dia; e havia um pequeno grupo com o pomposo nome de Movimento Nacional para a Legalização das Drogas (MNLD), que não apoiava a Marcha da maconha, pois seu objetivo era legalizar todas as drogas em todo o país. Pretendiam que o Brasil legalizasse todas as drogas, que se tornasse o que hoje o Uruguai é para o mundo em relação à maconha. Haja pretensão! Resumindo, estávamos sozinhos.

O Gabeira deu novamente pra trás em cima da hora, e ficou claro que o motivo eram os seus eleitores que criticavam a atuação do deputado em favor da maconha. Não todos, claro, mas muitos enviavam cartas e emails com críticas a essa postura. E tinha a secretária dele no Rio que lia esse material e o queria afastado de tudo que estivesse relacionado com maconha e mais ainda da Psicotropicus. Ele tinha aceitado fazer parte da diretoria, mas a moça disse que deputado não podia fazer parte de ONG e ele voltou atrás. Para complicar, uma advogada mineira foi baleada e morreu dentro do carro em que estava com a família, na entrada da favela do Vidigal, por onde passava na exata hora em que acontecia um tiroteio entre policiais e traficantes. Por ter ocorrido com uma advogada na zona sul do Rio, um fato cotidiano em outras partes da cidade tornou-se uma comoção nacional, cerca de uma semana antes da data marcada para a marcha. Pensamos em adiar, mas já era tarde, a divulgação pelo website da Psicotropicus e o boca-a-boca já tinham mobilizado a galera. É possível que o Growroom também tenha ajudado a divulgar, mas não tenho esse material, se ele existe.
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As primeiras máscaras para participar sem mostrar a cara, reproduzidas em 2007 com o rosto de artistas e políticos supostamente aliados. Nas mãos do Mickey mais à esquerda o manifesto do MOVIMENTO PELA LEGALIZAÇÃO DA CANNABIS, produzido pela Psicotropicus:

Manifesto MM04

Jornal do Brasil, 13 de abril de 2004

Maconha será tema de passeata - Manifestantes vão andar por Ipanema

clip_image001Michel Alecrim
Enquanto a guerra do tráfico de drogas assusta a cidade, defensores da legalização da maconha se organizam para fazer uma manifestação pela mudança na legislação. No próximo dia 2 de maio, uma passeata vai ocupar a Avenida Vieira Souto, em Ipanema, pedindo que o Estado passe a controlar a plantação, venda e consumo da planta Cannabis sativa. O protesto é organizado pela ONG Psicotropicus e segue um movimento mundial, que deve realizar protestos em várias cidades pelo mundo.

O diretor-executivo da ONG, o psicólogo Luiz Paulo Guanabara, alerta que o objetivo da manifestação não é fazer apologia da maconha. Pelo contrário, os organizadores advertem que a droga faz mal à saúde, mas defendem a liberdade de as pessoas de fazerem uso dela.

Num texto preparado especialmente para ser distribuído na manifestação, Guanabara afirma que ''a polícia perde um tempo enorme desde a prisão em flagrante de um cidadão de posse de um simples cigarro de maconha até terminar de preencher toda a papelada na delegacia, para mandar o ''maconheiro'' ou ''vagabundo'' para o xadrez''. Segundo ele, esse trabalho poderia ser poupado para que as autoridades combatessem a violência. Os organizadores acreditam que a legalização da droga também enfraqueça o crime organizado.

- As drogas são uma coisa muito perigosa para estar nas mãos de bandidos e por isso deveria ser controlada pelo Estado - diz Guanabara.

A manifestação está sendo chamada de Marcha Pacífica pela Legalização da Cannabis sativa. A concentração está marcada para as 14h no Jardim de Alá, no domingo de 2 de maio. Os manifestantes devem caminhar até o Arpoador. Em 2002, um protesto parecido contou com a presença de 500 pessoas e causou grande polêmica. A polícia chegou a filmar a passeata para investigar os participantes, mas teve que desistir pela intervenção do então governo Benedita.

O protesto segue um movimento que acontece simultaneamente em 192 países. Em centenas de cidades, sempre no primeiro fim de semana de maio há a manifestação.

Segundo um documento do Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas, da Universidade Federal de São Paulo, divulgado pelo site do Ministério da Saúde (www.saude.gov.br), a maconha atrai os usuários por causa da ''sensação de bem-estar acompanhada de calma e relaxamento'' que pode provocar.
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Mathias Max com banner do capitão Presença e muitos outros não tiveram medo de mostrar a cara.

O Centro de Mídia Independente fez um vídeo muito bom [link] sobre a manifestação que está na internet.

Um dos motivos pela falta de material sobre as primeiras marchas brasileiras foi a transformação em 2008 do website da Psicotropicus, que foi retirado temporariamente do ar para dar suporte à Declaração Brasileira que estava sendo elaborada, que foi apresentada na reunião especial da Comissão de Entorpecentes (CND) na sede das Nações Unidas em Viena, em março de 2009.

Infelizmente, a pessoa contratada para fazer o back up de todo o imenso material sobre o movimento nacional, regional e internacional pela reforma das políticas de drogas que o website dispunha e criar a página temporária, deletou tudo que havia, inclusive toda a parte dedicada às marchas. Ainda temos muitos arquivos com as matérias da época, mas muito se perdeu por causa desse infeliz.

Por isso os autores que querem escrever sobre o assunto não encontram o material existente, que os deixaria cientes de que a marcha da maconha brasileira foi apenas a inserção inicialmente do Rio de Janeiro e depois de outras cidades brasileiras entre as centenas de cidades em todo o mundo onde o evento é realizado. E que essas marchas muitas vezes recebem nomes diferentes dependendo da cidade ou país onde é realizada. Com uma população em que cerca de 95% são contrários à legalização da maconha, do aborto e das pautas LGBT, a importância do Brasil para o movimento internacional antiproibicionista é muito pequena, sinto dizer. O que não é motivo para não seguirmos adiante, mesmo com o elefante na sala, como gostava de lembrar o Gabeira.

Entrevista
 
 
 
   
 
 
 
 






Luiz Paulo Guanabara, autor deste relato e porta-voz das marchas do Rio 2002-2007.

Não houve marcha em 2006, por conta da participação da Psicotropicus na conferência da Associação Internacional de Redução de Danos (IHRA), em Vancouver, no Canadá, onde apresentamos um trabalho com os resultados da pesquisa do nosso projeto “Hepatite no Canudo”, de prevenção de hepatites virais especialmente entre usuários de cocaína aspirada, realizado em parceria com a Associação Carioca de Redução de Danos e com apoio da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro.

Mas a data não passou em branco. O MNLD, liderado pelo atual vereador Renato Cinco, convocou uma manifestação pela legalização de todas as drogas, cuja concentração ocorreu nas escadarias do IFCS/UFRJ. Como se pode ver abaixo, a Marcha Mundial da Maconha também foi lembrada no evento, que aconteceu em 196 cidades pelo mundo.

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Trecho de um texto nosso sobre a marcha de 2004:
“Em 2004 a marcha aconteceu, apesar de novamente não contarmos com apoio parlamentar (Gabeira), que foi retirado. Havia uma comoção no ar, por causa das mortes no Vidigal, em guerra contra a Rocinha. Achamos então melhor adiar a manifestação por 2 ou 3 meses, mas a convocação já tinha sido feita. Foi então criado o Movimento pela Legalização da Cannabis e lançado um manifesto. Muita repercussão na mídia, as pessoas ficaram espalhadas, a maioria com medo, olhando de longe. Mas foi positivo, é sempre positivo, política se aprende assim, e o Centro de Mídia Independente fez um vídeo muito bom.”

Jornal Torpedo, junho de 2004
Descriminalização da maconha
Adenir Leonis – ieqpt@terra.com.br

Recentemente a ONG Psicotropicus realizou na Praia de Ipanema, zona sul da cidade do Rio de Janeito, uma “marcha pela descriminalização da maconha”.
Os manifestantes conseguiram chamar a atenção da população daquela região da “cidade maravilhosa”, principalmente por usarem um texto bíblico como argumento de uma possível aprovação de Deus ao uso da maconha.
O texto usado em um cartaz à frente dos manifestantes era uma interpretação livre e parafraseada de um dos versículos do primeiro capítulo do Gênesis e dizia: “Deus disse: eu lhes dou toda erva que dê sementes para o seu consumo”. Heresia ou leviandade na interpretação deste texto à parte, é fato que desde a década de 70 a descriminalização da maconha tem estado na pauta das discussões em muitos setores da sociedade, inclusive no Congresso Nacional, onde muitos dos nossos políticos defendem a liberação do uso dela.
A maconha é considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como a terceira droga psicoativa mais usada no mundo, em torno de 147 milhões de usuários, perdendo apenas para o cigarro e o álcool. No Brasil calcula-se que cerca de 12% da população de crianças, adolescentes e jovens (10 a 24) consomem drogas.
É fato conhecido de todos nós que essa droga está, juntamente com outras, ligada ao crime organizado, ao tráfico de armas, ao aumento da criminalidade, a desestruturação familiar e descriminalizá-la não irá impedir que isso continue acontecendo. Por maior que sejam as pressões que os usuários de drogas possam fazer, é preciso que a sociedade organizada de modo geral também tome partido nessa discussão e reaja contra essa possibilidade de legalização do uso da maconha.
Só quem tem um dependente de drogas na família sabe de fato o que isso significa. Só quem vive esse drama na própria pele sabe de todas as implicações dessa dependência, dos traumas e sofrimentos que ela traz a família e amigos dos dependentes.
A velha frase “Diga não às drogas” deve ser retomada como bandeira de uma sociedade que busca a cura de seus males e chagas
Não se trata de preconceito, mas de acabar com a hipocrisia que impera na hora de discutir o assunto, quando muitos acham que defender a liberação do uso de drogas é bonito, moderno e popular. Investir no esclarecimento e conscientização de que o usuário de drogas é um doente e precisa procurar ajuda e se tratar é de fundamental importância e combater o tráfico de drogas, igualmente.
Considerar o usuário de drogas um criminoso é no mínimo uma grande estupidez, mas aceitar o uso da maconha ou qualquer outra droga como algo normal e perfeitamente aceitável no meio social, é estupidez ainda maior.
O bom senso deve nos levar a atitudes que eliminem o mal pela raiz, e ao invés de se pensar e se empenhar pela legalização do uso da maconha, devemos convergir nossos esforços para acabar com o tráfico de drogas; a miséria, onde elas encontram um terreno fértil para a sua proliferação; o desemprego e a falta de perspectivas positivas dos jovens visando o seu futuro; melhorar o ensino público e investir mais no esporte, principalmente o amador através das escolas públicas e privadas.
A velha frase “Diga não às drogas” deve ser retomada como bandeira de uma sociedade que busca a cura de seus males e chagas, que corroem a dignidade humana e faz com que um povo inteiro perca de vista os seus valores mais importantes. É como já havia dito um pensador: “para que o mal prevaleça, basta que os bons não façam nada”.
A nossa omissão diante de situações como essa, pode fazer com que no futuro não tenhamos mais nenhum referencial sobre o que é certo ou o que é errado, e aí será, definitivamente, o caos.

Adenir Leonis é jornalista e pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular

PAZ
Havia muito mais de 60 pessoas, o jornal O Dia fala em 200 manifestantes mas havia bem mais. O que ocorreu foi que as pessoas se aproximavam, interagiam e depois andavam pela praia ou calçada ou davam um tempo nos quiosques antes de voltarem para a passeata.

JORNAL DO BRASIL 03/05/04 RIO
Maresia na orla de Ipanema

Defensores da descriminalização da maconha se reúnem e fazem protesto

Rachel Almeida

Passeata pacífica pediu que o Estado passe a controlar a plantação, a venda e o consumo da erva
Realizada há dois anos, a primeira edição brasileira da Marcha Mundial da Maconha reuniu 500 pessoas durante uma passeata em Ipanema. A marcha deste ano foi bem mais modesta. Cerca de 60 pessoas, convocadas através de emails e do boca-a-boca, compareceram ao cortejo, que partiu do Jardim de Alá e seguiu até o Posto 9 da Praia de Ipanema, pedindo a descriminalização da Cannabis sativa e que o Estado passe a controlar a plantação, a venda e o consumo da planta.
Inicialmente organizada pela ONG Psicotropicus, que optou pelo adiamento da marcha devido aos recentes crimes na Rocinha, a marcha ainda assim contou com a presença do diretor-executivo da organização, o psicólogo Luiz Paulo Guanabara:

- Queríamos adiar devido à comoção que os últimos acontecimentos da Rocinha provocaram, mas acreditamos na importância de se criar um debate sobre o uso da maconha. Nossa intenção não é fazer apologia da cannabis, mas educar a população para que se tenha uma nova atitude em relação à erva - defende ele.

Foram distribuídos aos participantes e a quem passava pela passeata, um manifesto com frases que definiam as propostas do grupo como ''A guerra contra a cannabis gera violência, é dispendiosa e desnecessária'' ou ''Você é a favor da proibição da cannabis? O tráfico é!''. Dois documentários estavam sendo filmados na ocasião: um por estudantes de cinema da Universidade Estácio de Sá, que deve receber o nome de Liberdade Verde, e o outro, sem nome, produzido pela Psicotropicus.
A irreverência também marcou a marcha, onde os participantes cantavam trechos de músicas como Malandragem dá um tempo, de Bezerra da Silva, que tem o famoso refrão ''vou apertar, mas não vou acender agora'' ou gritavam frases e expressões como ''Experimenta! Experimenta!'' e ''Viva Marcelo Anthony'', em referência ao ator preso recentemente ao ser flagrado comprando maconha. Um carro da Polícia Militar acompanhou a passeata e dois policiais do Serviço Reservado filmaram alguns participantes. Não foram registradas confusões nem o uso de drogas.

- Sou a favor da liberação da maconha. A proibição é uma hipocrisia que só alimenta o tráfico de drogas. Acredito que a liberação traria uma série de vantagens, como a de atrair turistas para o país, como acontece na Holanda - comenta a professora Simone Simões, 58 anos, que afirmou ser uma ex-usuária da erva.

A orla ficou cheia neste primeiro domingo de maio, com temperatura que variou entre 16,1 e 31,1 graus. A previsão para hoje é de céu claro a parcialmente nublado com temperatura média de 23,5 graus.
Para quem quiser ouvir!

















Sabendo do desgaste que poderia ocorrer para a Psicotropicus se assumisse a autoria da organização do evento naquele momento de comoção pela morte da advogada no Vidigal, Luiz Paulo Guanabara tenta convencer os jornalistas de que a marcha tinha sido “espontânea”.


O Dia, 3 de maio de 2004

Passeata atrai 200 pessoas

Quase 200 pessoas participaram da passeata do Movimento pela Legalização da Cannabis ontem, na Praia de Ipanema. O grupo partiu do Jardim de Alah e caminhou até o Posto 9, sempre acompanhado pela polícia.

Segundo Luiz Paulo Guanabara, que gravou imagens para o documentário que está produzindo sobre o tema, o evento transcorreu bem. “Foi superpacífico. A manifestação da população é um direito. É preciso vencer o tabu das leis e discutir o tema”, comentou.

TRIBUNA DA IMPRENSA (RJ) 03/05/04 CIDADES

Passeata pela liberação da maconha reúne 60 pessoas no Rio (também publicada no Estado de São Paulo)

Uma passeata em defesa da liberação da maconha reuniu cerca de 60 pessoas na tarde de ontem, na Praia de Ipanema, na Zona Sul do Rio. O número de participantes foi bem inferior à primeira manifestação, dois anos atrás, quando 500 pessoas caminharam da Praça Nossa Senhora da Paz ao Posto 9. Com cartazes e faixas, os manifestantes cobraram do governo a legalização da maconha e o direito de plantar a erva.

"Acho que o movimento foi esvaziado porque hoje o usuário é acusado de financiar a violência do narcotráfico e isso inibiu muito as pessoas, que não querem se expor. Mas por esse argumento, quem come no McDonald's financia a guerra do Iraque e o terrorismo internacional", afirmou o psicólogo Luiz Paulo Guanabara.

A ONG coordenada por Guanabara, a Psicotropicus, começou a organizar a passeata, mas  depois que se acirrou a guerra na Rocinha, tentou adiar a marcha. "Essa é uma passeata espontânea", afirmou.
Durante a passeata, os manifestantes gritavam palavras de ordem, como "Ah-ah-ah! Eu quero é plantar", "Viva Marcelo Anthony", "Ô-ô-ô Garotinho é ditador". O grupo foi saudado por banhistas que estavam no Posto 9, mas não aderiram à passeata.

Policiais militares disfarçados de repórteres acompanharam o trajeto de cerca de 500 metros. Eles chegaram a anotar nomes e fotografar os manifestantes, mas não houve incidentes. Ao contrário da passeata de 2002, não houve consumo de drogas. Toda a movimentação foi gravada por duas equipes de documentaristas.

Manifestantes davam depoimentos sobre o movimento, experiência com drogas e repressão policial. Um jovem, estudante de Gastronomia, deu receitas culinárias com a erva.

Uma estudante de 17 anos contou que foi denunciada pela mãe para o Juizado de Menores, teve de se submeter a um ano de tratamento com psicólogas e assistentes sociais, mas nunca deixou de fumar maconha. "A abordagem ao jovem é totalmente equivocada. Elas agiam como se as minhas dificuldades de relacionamento com a família fossem por causa das drogas e não porque eu estava na 'aborrecência'", criticou.

Jornal da Tarde, 3 de maio, página 9A, rodapé
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Esperamos que a publicação deste material possa ajudar aqueles que querem saber a verdadeira história da marcha da maconha no Brasil. Depois de ter recebido a dissertação que mencionei acima, no começo deste relato, procurei entre meus papéis e arquivos o que eu tinha sobre essas primeiras marchas no Brasil e senti uma certa obrigação de contar o que aconteceu de fato para que não escrevam e publiquem tanta coisa errada. Encontrei muita coisa que pretendo disponibilizar mais adiante. Aproveito esta matéria para publicar abaixo um aperitivo sobre a marcha de 2005, que como a de 2004 foi exclusivamente produzida pela Psicotropicus, ajudada por um grupo de voluntários. Foi somente em 2007 que o Growroom co-produziu conosco a marcha de 2007, um evento amplamente documentado.

FLYER DA MARCHA DA MACONHA RIO 2005:
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Como se pode ver, foi esta marcha de 2005 que deu início ao processo de levar o evento para todo o Brasil. A marcha em São Paulo foi realizada no sábado, 7 de maio, percorrendo as ruas de São Paulo desde a Câmara Municipal, onde ocorreu uma mesa-conferência-debate, até a sede da ONG É de Lei.

A marcha em São Paulo contou também com a ajuda da Rede Brasileira de Redução de Danos (REDUC), que ajudou a organizar o evento na Câmara Municipal local. Entre os palestrantes, Maria Lúcia Karam, Dep. Paulo Teixeira, Edward MacRae e Luiz Paulo Guanabara. Em Porto Alegre não houve clima para levar a marcha para as ruas, a polícia ocupou a praça onde o evento seria realizado; em Recife houve uma manifestação em local fechado, como ficamos sabendo por intermédio do redutor de danos pernambucano Marcílio.

FLYER INFORMATIVO DA MARCHA DA MACONHA RIO 2005:
 MM05C  









MM05D

































Quer saber mais sobre a marcha de 2005 e sobre o que ocorreu de verdade na marcha de 2007? Aguarde um pouco. Quer entrar em contato? Mande um email para: psicotropicus1@gmail.com

publicado neste Blog por: Luiz Paulo Guanabara
























































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