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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Maconha, o dom de iludir

Vejam que artigo tendencioso e mentiroso!!
Semanas atrás, a Folha noticiou a proposta de criar-se uma agência especial para pesquisar os supostos efeitos medicinais da maconha, patrocinada pela Secretaria Nacional Antidrogas do governo federal.
Esse debate nos dias atuais, tal qual ocorreu com o tabaco na década de 60, ilude sobretudo os adolescentes e aqueles que não seguem as evidências científicas sobre danos causados pela maconha no indivíduo e na sociedade.
Será que não estão a serviço da indústria farmacêutica, da BigPharma??
Na revisão científica feita por Robim Room e colaboradores (“Cannabis Policy”, Oxford University, 2010), fica claro que a maconha produz dependência, bronquite crônica, insuficiência respiratória, aumento do risco de doenças cardiovasculares, câncer no sistema respiratório, diminuição da memória, ansiedade e depressão, episódios psicóticos e, por fim, um comprometimento do rendimento acadêmico ou profissional.
Hoje em dia as pesquisas podem ser analisadas de diversas maneiras. Qualquer ansiolítico à venda nas farmácias também pode causar uma quantidade de efeitos colaterais semelhantes aos citados acima. Claro que eles escolheram exatamente aquela pesquisa que lhes interessava para comprovar o que de antemão queriam dizer. Caso dessem uma folheada no livro Marijuana Myths Marijuana Facts, de Lynn Zimmer, PhD e John Morgan, MD, enc0ntrariam uma revisão da literatura científica do século XX que desmente tudo que esses “especialistas” afirmam nesse texto tendencioso aqui publicado.
Apesar disso, o senso comum é o de que a maconha é “droga leve, natural, que não faz mal”.
Pesquisas de opinião no Brasil mostram que a maioria não quer legalizar a droga, mas grupos defensores da legalização fazem do eventual e ainda sem comprovação uso terapêutico de alguns dos componentes da maconha prova de que ela é uma droga segura e abusam de um discurso popular, mas ambivalente e perigoso.
O interesse recente da ciência sobre o uso da maconha para fins terapêuticos deveu-se à descoberta de que no cérebro há um sistema biológico chamado endocanabinoide, onde parte das substâncias presentes na maconha atua.
Um dos medicamentos fruto dessa linha de pesquisa, o Rimonabant, já foi retirado do mercado, devido aos efeitos colaterais. Até hoje há poucos estudos controlados, com amostras pequenas, e resultados que não superam o efeito das substâncias tradicionais, que não causam dependência.
Pelo jeito, estão mesmo fazendo lobby para a indústria de remédios.
Estados americanos aprovaram leis descriminalizando o uso pessoal de maconha, que é distribuída sem controle de dose e qualidade. QUE AFIRMAÇÃO ABSURDA E MENTIROSA, LOGO NOS EUA QUE TEM A RIGOROSA FDA.
Contradição enorme, pois os médicos são os “controladores do acesso” para uma substância ainda sem comprovação científica. OS USOS MEDICINAIS DA CANNABIS ESTÃO CIENTIFICAMENTE PROVADOS, VEJAM A REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA CITADA POR NÓS ACIMA.
De outro lado, orientam os pacientes sobre os riscos do uso de tabaco. Deve-se relembrar que os estudos versam sobre possíveis efeitos terapêuticos de uma ou outra substância encontrada na maconha, não sobre a maconha fumada.
Os pesquisadores brasileiros interessados no tema devem realizar mais estudos por meio das agências já existentes, principalmente diante do último relatório sobre o consumo de drogas ilícitas feito pelo Escritório para Drogas e Crime das Nações Unidas, que aponta o Brasil como o único país das Américas em que houve aumento de apreensões e consumo da maconha.
E se, no futuro, surgir alguma indicação para o uso medicinal da maconha, o processo de aprovação, que ainda não atingiu os padrões de excelência, deve contextualizar esse cenário, assim como o potencial da maconha de causar dependência.
Espera-se que a política nacional sobre drogas seja redirecionada em caráter de urgência, pois enfrenta-se também aqui o aumento das apreensões e consumo de cocaína e crack, que exige muitos esforços e recursos para sua solução.
Que nem pesquisadores nem nossa população se iludam de que exista hoje uma indicação terapêutica para utilizar maconha aprovada pela ciência.
SÃO MUITO CARAS DE PAU!!
RONALDO RAMOS LARANJEIRA é professor titular de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenador do Instituto Nacional de Políticas sobre Álcool e Drogas (Inpad/CNPQ).

ANA CECILIA PETTA ROSELLI MARQUES, doutora pela Unifesp, é pesquisadora do Inpad/CNPQ.

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